Fragilidades ambientais registradas no Subplanalto Cascavel 23/05/2019 - 09:10

Andrei Luan Petry1, Gustavo Ribas Curcio2, Annete Bonnet3

 

 

O Subplanalto Cascavel é privilegiado quanto ao potencial de uso para sistemas produtivos agrossilvopastoris, entre outros. Esta condição se dá em razão da interação entre o clima e a constituição geológica, os quais determinaram feições geomorfológicas suaves, portanto, extremamente favoráveis à mecanização agrícola (Figura1).

 

Figura 1 - Relevos favoráveis à mecanização agrícola.
Figura 1 - Relevos favoráveis à mecanização agrícola.

 

 

Esta aptidão favorável ao uso agrícola acentua-se ainda mais tendo-se em conta que os Latossolos Vermelhos são os maiores constituintes daqueles relevos (Figura2). Tratam-se de volumes muito argilosos, profundos e com boa drenagem, distribuídos por relevos dominantemente suaves (Figura 3), favorecendo o uso agrícola com alto grau de mecanização.

Figura 2 - Latossolo Vermelho.
Figura 2 - Latossolo Vermelho.

 

 

Figura 3 - Relevo de ocorrência do Latossolo Vermelho.
Figura 3 - Relevo de ocorrência do Latossolo Vermelho.
 

Por outro lado, os grandes comprimentos de rampas, aliado aos aumentos de declividades em seu final, abrem a possibilidade de se ter elevadas taxas de escorrimento superficial se mal manejados. Este fato é muito importante, pois é um forte condicionante para a entrada do processo erosivo, relevante agente de degradação ambiental (Figura 4). Para agravar o contexto exposto, as pesquisas do PronaSolos estão registrando, comumente, níveis acentuados de compactação nos citados solos, condição que desfavorece a infiltração hidrológica e favorece a erosão.

 

Figura 4 - Erosão e assoreamento em Latossolo Vermelho.
Figura 4 - Erosão e assoreamento em Latossolo Vermelho.

 

 

Este quadro é preocupante não só pela perda do potencial produtivo dos solos, fato importantíssimo, mas também porque incorre em pressão aos recursos hidrológicos (rios e nascentes) e as florestas circundantes (Figura 5). Além disto, a compactação interfere diretamente no potencial de recarga hidrológica das paisagens constituídas por Latossolos, diminuindo sensivelmente as suas expressivas taxas originais.

 

Figura 5 - Queda de árvores em nascentes.
Figura 5 - Queda de árvores em nascentes.

 

Portanto, práticas agronômicas como a manutenção e ampliação de áreas com terraços em sistemas de plantio direto, em nível e rotacionado, com boa palhada, distribuídos em meio a sistemas viários planejados é uma questão a ser aplicada cada vez mais. Além disto, a existência de Áreas de Preservação Permanente com florestas (Figura 6), as quais cumprem, entre outras funções, o papel de filtro aos sedimentos das lavouras, é uma situação efetiva e necessária para a minimização de possíveis impactos.

 

Figura 6 - Floresta fluvial, barreira de contenção de sedimentos.
Figura 6 - Floresta fluvial, barreira de contenção de sedimentos.

 

 

Neste sentido, deve haver um maior repasse de informações técnicas aos agricultores a este respeito, pois nos contatos estabelecidos durante as ações de levantamentos do PronaSolos Paraná, tem sido possível perceber o quanto estes são ávidos e responsivos às informações técnicas.

 

1 – Técnico da FAPEAGRO – andrei­_luan_petry@hotmail.com

2 – Pesquisador da Embrapa Florestas – gustavo.curcio@embrapa.br

3 – Pesquisadora da Embrapa Florestas – annete.bonnet@embrapa.br