Levantamento de solos e vegetação fluvial - Projeto AISA 14/02/2023 - 16:19
Gustavo Ribas Curcio¹; Andrea Sene Kodama²
A sétima campanha de campo do Projeto foi realizada entre os dias 23 de janeiro e 3 de fevereiro de 2023. Nesta campanha houve a continuidade dos mapeamentos semidetalhados de solos e de vegetação em pontos pré-demarcados (Figura 1), respectivamente, nas escalas 1:25.000 e 1:10.000.
Na oportunidade, os trabalhos foram executados no Noroeste do Paraná em quatro locais (pontos 9, 10, 11 e 12), compreendendo mais 352 km² envolvendo, desta vez, parte dos municípios de Cianorte, Tapejara, Tuneiras do Oeste, Farol e Mariluz - Bacia Hidrográfica do Rio Ivaí (Figura 2).
No sentido de assegurar as ações técnicas de mapeamento foram descritos 12 perfis de solos, todos com disposição pedossequencial (Figuras 3 e 4). Complementarmente, em locais pré-demarcados, foram coletadas amostras de solos em 61 pontos amostrais, além da obtenção de dados fisiográficos e de atributos de solos em mais 64 pontos. Além dos referidos pontos, foi necessário obter mais informações relativas a distribuição de solos em 56 pontos de apoio, fechando a malha de pontos de referência. Dada as condições geopedológicas, trata-se de uma malha robusta com densidade de pontos em torno de 1,8 por quilômetro quadrado.
No mapeamento da vegetação fluvial, os trabalhos foram executados em segmentos de paisagens - margens de rios e cabeceiras de drenagem (Figuras 5 e 6). Através da instalação de 30 parcelas fitossociológicas nestes segmentos foram efetuadas pesquisas para obtenção dos parâmetros da vegetação em três rios e em quatro cabeceiras de drenagem.
Além disso, foram determinadas as dimensões de duas voçorocas em duas cabeceiras de drenagem, totalizando dez já medidas. Além dos avançados processos erosivos instalados nas cabeceiras de drenagem, a identificação de pleno assoreamento à montante de algumas destas traduzem a acelerada degradação ambiental por usos e manejos inadequados dos solos (Figuras 7 e 8).
Fatos interessantes a serem acrescentados são os de que em algumas das áreas trabalhadas foi observada a transição entre geologias distintas, além da identificação de provável ecótono entre a Floresta Ombrófila Mista e a Floresta Estacional Semidecidual. Assim, na passagem entre os arenitos da Formação Caiuá e as rochas eruptivas da Formação Serra Geral, verificou-se mudanças acentuadas nas características dos solos, aqui em destaque textura, estrutura e atributos químicos. Esta situação determina mudanças também acentuadas, tanto para o potencial de uso como para a fragilidade ambiental, dentro de pequenas distâncias. No caso da vegetação fluvial torna-se muito interessante a interpenetração de elementos arbóreos das fitotipias acima citadas, compondo uma fisionomia mista.
Considerações como as supracitadas ratificam a importância dos mapeamentos, pois, necessariamente, identificam potenciais de usos distintos para as paisagens, assim como incorrem em graus de fragilidade completamente diferenciados.
1 – Pesquisador da Embrapa Florestas – gustavo.curcio@embrapa.br
2 – Técnica da FAPED – andrea.kodama@colaborador.embrapa.br