Neossolo Flúvico – situação na paisagem, características e funcionalidades 01/09/2019 - 15:55

Gustavo Ribas Curcio1; Annete Bonnet2

 

                                                                   

Neossolo Flúvico é um solo mineral com baixo grau de evolução pedogenética, constituído essencialmente por sedimentos fluviais (Figura 1), portanto, restrito a segmentos de paisagens que constituem as planícies fluviais (Figura 2).

 

 

Figura 1 - Planície fluvial.
Figura 1 - Planície fluvial.

 

Figura 2 - Neossolo Flúvico.
Figura 2 - Neossolo Flúvico.
 
 

Um aspecto marcante do Neossolo Flúvico é possuir apenas um horizonte, superficial – A, sobrejacente a distintas camadas, todas relacionadas aos processos de transporte e deposição pelo rio. Assim, esse solo apresenta sedimentos com cunhos de tração (Figura 3) e transborde fluvial, os quais possuem uma grande diversidade granulométrica entre si (Figura 4).

 

Figura 3 - Sedimentos de tração fluvial em superfície aluvial.
Figura 3 - Sedimentos de tração fluvial em superfície aluvial.

 

Figura 4 - Sedimentos de tração e de transborde fluvial.
Figura 4 - Sedimentos de tração e de transborde fluvial.
 

As características do horizonte superficial dependem das condições climáticas regionais, além de elementos de composição e processos fluviais interativos. Dessa forma, cita-se o posicionamento do solo dentro da planície (dique marginal ou planície internalizada), da composição florística e respectivas densidade (Figuras 5 e 6),  das particularidades sedimentológicas do fluxo fluvial e de sua energia, do tempo de recorrência do transborde fluvial etc. Assim, quanto menos seguidamente ocorrerem os processos de alagamento fluvial (transborde) da planície, maior será a possibilidade de formar o horizonte A. Em caso inverso, ou seja, quanto menor o tempo de recorrência entre os eventos de transborde, menor a probabilidade de se identificar a formação do horizonte A, em razão dos seguidos eventos deposicionais.

Figura 5 - Cobertura herbácea sobre Neossolo Flúvico.
Figura 5 - Cobertura herbácea sobre Neossolo Flúvico.

 

Figura 6 - Cobertura florestal sobre Neossolo Flúvico.
Figura 6 - Cobertura florestal sobre Neossolo Flúvico.
 
 

É comum se deparar com pedons aluvionares com distintos regimes hídricos – hidromórficos, semi-hidromórficos e não-hidromórficos. Essa variabilidade no grau de saturação hídrica está diretamente associada ao grau de soerguimento do solo em relação ao lençol freático, bem como é dependente da permeabilidade presente de suas camadas caracterizando, assim, a importância da integração da feição geomórfica com propriedade intrínseca do solo.

Deve-se ter em conta que a incorporação de matéria orgânica é preponderante para a formação do horizonte A e de que o maior ou menor teor de carbono orgânico, nesse horizonte, está especificamente relacionado ao tipo de vegetação e sua densidade, bem como do regime hídrico do solo. A exemplo, Neossolos Flúvicos com alto grau de hidromorfia tendem a ter maiores teores de carbono orgânico no horizonte superficial.

Por se encontrarem dominantemente nas margens dos rios, os Neossolos Flúvicos cumprem funcionalidades ecológicas importantes, como a de proporcionar estabilidade às coberturas vegetais fluviais, participar como elemento filtro nas descargas hidrológicas (Figura 7), assim como atuarem como último elemento físico para tamponamento iônico das paisagens.

 

Figura 7 - Descarga hidrológica em Neossolo Flúvico.
Figura 7 - Descarga hidrológica em Neossolo Flúvico.

 

 
 

Nas planícies fluviais dos subplanaltos de Cascavel, Campo Mourão e São Francisco tem sido comum os pesquisadores do PronaSolos Paraná encontrarem os Neossolos Flúvicos associados intimamente aos Cambissolos Flúvicos e Gleissolos, dominantemente sob cobertura florestal, porém esta em estágio sucessional capoeirão.

Independente do estágio sucessional capoeirão não ser a fase ideal da floresta para essas condições, somente o fato desses solos estarem sob cobertura vegetal florestal retrata a consciência do produtor rural com as questões ambientais.

 

 

1 – Pesquisador da Embrapa Florestas – gustavo.curcio@embrapa.br

2 – Pesquisadora da Embrapa Florestas – annete.bonnet@embrapa.br

 

GALERIA DE IMAGENS

  • Planície fluvial.
    Neossolo Flúvico.
    Sedimentos de tração fluvial em superfície aluvial.
    Sedimentos de tração e de transborde fluvial.
    Cobertura florestal sobre Neossolo Flúvico.
    Cobertura herbácea sobre Neossolo Flúvico.
    Descarga hidrológica em Neossolo Flúvico.
    Planície fluvial.
    Foto: Gustavo Ribas Curcio

    Foto: Gustavo Ribas Curcio
    Neossolo Flúvico.
    Foto: Gustavo Ribas Curcio

    Foto: Gustavo Ribas Curcio
    Sedimentos de tração fluvial em superfície aluvial.
    Foto: Gustavo Ribas Curcio

    Foto: Gustavo Ribas Curcio
    Sedimentos de tração e de transborde fluvial.
    Foto: Gustavo Ribas Curcio

    Foto: Gustavo Ribas Curcio
    Cobertura florestal sobre Neossolo Flúvico.
    Foto: Gustavo Ribas Curcio

    Foto: Gustavo Ribas Curcio
    Cobertura herbácea sobre Neossolo Flúvico.
    Foto: Gustavo Ribas Curcio

    Foto: Gustavo Ribas Curcio
    Descarga hidrológica em Neossolo Flúvico.
    Foto: Gustavo Ribas Curcio

    Foto: Gustavo Ribas Curcio