Palhada – Um benefício para os solos: Subplanalto Cascavel 14/05/2019 - 14:50

Marlon Debrino1, Gustavo Ribas Curcio2, Annete Bonnet3

 

 

Agronomicamente, o termo palhada refere-se a resíduos mortos de vegetais que se encontram na superfície do solo (Figura 1) e podem ser provenientes tanto de plantas não cultiváveis, como dos sistemas agrossilvipastoris.

 

Figura 1 - Boa palhada e terraço, combinação perfeita.
Figura 1 - Boa palhada e terraço, combinação perfeita.

 

 

No Subplanalto Cascavel, região atual em que estão sendo executados os levantamentos de solos e vegetação protetiva de rios e nascentes, as palhadas, em sua grande maioria, advêm de sistemas essencialmente agrícolas como milho, soja, trigo entre outras (Figuras 2a e 2b).

Figura 2a - Lavoura de soja em meio a boa palhada de milho.
Figura 2a - Lavoura de soja em meio a boa palhada de milho.

 

Figura 2b - Lavoura de soja em meio a excelente palhada.
Figura 2b - Lavoura de soja em meio a excelente palhada.
 

Para o caso das lavouras, a relação grão/palhada é muito importante para se inferir sobre a possível futura cobertura do solo e sua longevidade. Esta, além dos fatores climáticos, é altamente dependente da relação carbono/nitrogênio, características composicionais (lignina, celulose etc) e da intensidade de degradação promovida pela biota do solo.

Sob a ótica das práticas de manejo do solo, pode-se dizer que é um elemento altamente desejável nas lavouras, pois oferece funcionalidades importantes para a proteção do solo (Figura 3). Neste sentido, minimiza, ou mesmo evita, temporariamente, o impacto de gota da chuva sobre os agregados superficiais do solo, possibilitando incrementos importantes para a estruturação e estabilidade dos agregados. Consequentemente, favorece a infiltração hidrológica, diminuindo o escorrimento superficial. Como se sabe, a desagregação determinada pelo impacto da gota de chuva promove selamento superficial dos poros do solo (Figura 4), favorecendo o seu encrostamento (Figura 5), o que reduz sensivelmente as taxas de permeabilidade.

 

Figura 3 - Boa cobertura de solo com palhada de milho.
Figura 3 - Boa cobertura de solo com palhada de milho.

 

Figura 4 - Encrostamento do solo.
Figura 4 - Encrostamento do solo.
Figura 5 - Superfície do solo com selamento de poros.
Figura 5 - Superfície do solo com selamento de poros.
 

Dentre outros benefícios, auxilia o controle de plantas daninhas, promove adicionais expressivos para a ciclagem de nutrientes, dissipa a radiação solar que chega ao solo reduzindo a evaporação da água e a amplitude térmica, condições essenciais para o bom desenvolvimento das culturas em meio a uma biota do solo beneficiada.

Embora se reconheça o seu valor, no Subplanalto Cascavel ainda é possível se registrar percentuais discrepantes de cobertura dos solos por palhada (Figuras 6a e 6b). Nas trocas de ideias com os agricultores da região, durante as pesquisas executadas nos levantamentos do PronaSolos, tem-se identificado que uma das metas é o aumento de palhada sobre o solo, condição que demonstra o elevado apreço do agricultor pela sua terra.

Figura 6a - Cultura de soja em solo totalmente descoberto.
Figura 6a - Cultura de soja em solo totalmente descoberto.

 

Figura 6b - Solo totalmente protegido por palhada.
Figura 6b - Solo totalmente protegido por palhada.
 

 

 

1 – Técnico da FAPEAGRO – marlon_debrino@hotmail.com

2 – Pesquisador da Embrapa Florestas – gustavo.curcio@embrapa.br

3 – Pesquisadora da Embrapa Florestas – annete.bonnet@embrapa.br