ÁREA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL - NASCENTES

Maurício Kacharouski1, Gustavo Ribas Curcio2, Annete Bonnet3



De acordo com o Código Florestal brasileiro, Lei nº 12.651/2012, Artigo 3º, II a Área de Preservação Permanente – APP é uma “área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”.

Em termos territoriais as APPs de nascentes perenes devem possuir um raio de 50 metros ao redor da surgência hídrica (Figura 1), garantindo minimamente funcionalidades essenciais à preservação dos recursos hídricos.

 

Figura 1 - Representação de Área de Preservação Permanente.
Figura 1 - Representação de Área de Preservação Permanente.

 

 

Conforme consta na citada lei, as APPs cumprem inúmeras funções ecológicas, todavia a APP de nascente exerce ainda uma importante atividade, a filtragem de sedimentos e colóides que por ventura possam vir por erosão dos ambientes de montante, especialmente se esses contiverem sistemas produtivos como a agricultura e a pecuária (Figura 2).

 

Figura 2 - Nascente desprovida de proteção florestal com vossoroca.
Figura 2 - Nascente desprovida de proteção florestal com vossoroca.

 

 

As APPS de nascentes pesquisadas pelo projeto PronaSolos Paraná na Bacia Hidrográfica Paraná III até o presente momento encontram-se, em sua grande maioria, ocupadas por florestas. Todavia, essas encontram-se em estágios incipientes de desenvolvimento e com baixa diversidade de espécies (Figura 3).

 

Figura 3 - Floresta ciliar oferecendo baixa proteção aos cursos d´água.
Figura 3 - Floresta ciliar oferecendo baixa proteção aos cursos d´água.

 

 

A despeito do estágio sucessional inicial da grande maioria, em algumas dessas áreas foi possível encontrar indivíduos arbóreos capazes de oferecer “bons coeficientes de rugosidade”, diminuindo o transpasse de sedimentos à nascente (Figura 4a e 4b). No entanto, um número considerável de nascentes encontra-se assoreado, além de processos de vossorocamento muito avançados (Figura 5).

Figura 4a - Rugosidade de espécies.
Figura 4a - Rugosidade de espécies.
Figura 4b - Rugosidade de espécies.
Figura 4b - Rugosidade de espécies.
Figura 5 - Vossorocamento em área de nascente.
Figura 5 - Vossorocamento em área de nascente.
 

Tem-se observado nas pesquisas efetuadas pelo PronaSolos Paraná que em razão dos grandes comprimentos das pendentes encontradas nas paisagens dos subplanaltos de Cascavel, Campo Mourão e Umuarama, é indispensável o seccionamento das pendentes através da prática de terraceamento, a qual minimiza os escorrimentos superficiais que trazem prejuízos expressivos para as nascentes (Figura 6). Além disso, o plantio de contornos vegetativos, seja com arbóreas ou herbáceas, auxilia a conter a chegada de sedimentos e colóides nas nascentes, favorecendo uma descarga hídrica eficaz (Figura 7 – Plantio de arbóreas para contenção de sedimentos).

Figura 6 - Prática de terraceamento.
Figura 6 - Prática de terraceamento.

 

Figura 7 - Plantio arbóreo para conter sedimentos.
Figura 7 - Plantio arbóreo para conter sedimentos.
 

A presença da floresta em APP de nascente, além de ser eficiente na contenção de sedimentos e colóides também realiza a sustentação mecânica de taludes por meio de raízes, diminuindo fortemente o processo de desbarrancamento e, consequentemente, o remonte erosivo em nascentes (Figura 8 – Raízes de árvores em taludes).

 

Figura 8 - Raízes de árvores em taludes.
Figura 8 - Raízes de árvores em taludes.

 

 

Assim, o planejamento responsável da paisagem rural, necessariamente, passa pela concepção de proteger as nascentes, garantindo o processo de recarga e descarga hidrológica.

 

1 – Técnico do PronaSolos Paraná – mkacharouski@gmaill.com

2 – Pesquisador da Embrapa Florestas – gustavo.curcio@embrapa.br

3 – Pesquisadora da Embrapa Florestas – annete.bonnet@embrapa.br

GALERIA DE IMAGENS

  • Representação de Área de Preservação Permanente.
    Nascente desprovida de proteção florestal com vossoroca.
    Floresta ciliar oferecendo baixa proteção aos cursos d´água.
    Rugosidade de espécies.
    Rugosidade de espécies.
    Vossorocamento em área de nascente.
    Prática de terraceamento.
    Plantio arbóreo para conter sedimentos.
    Raízes de árvores em taludes.
    Representação de Área de Preservação Permanente.
    Foto: Gustavo Ribas Curcio

    Foto: Gustavo Ribas Curcio
    Nascente desprovida de proteção florestal com vossoroca.
    Foto: Gustavo Ribas Curcio

    Foto: Gustavo Ribas Curcio
    Floresta ciliar oferecendo baixa proteção aos cursos d´água.
    Foto: Gustavo Ribas Curcio

    Foto: Gustavo Ribas Curcio
    Rugosidade de espécies.
    Foto: Mauricio Kacharouski

    Foto: Mauricio Kacharouski
    Rugosidade de espécies.
    Foto: Mauricio Kacharouski

    Foto: Mauricio Kacharouski
    Vossorocamento em área de nascente.
    Foto: Gustavo Ribas Curcio

    Foto: Gustavo Ribas Curcio
    Prática de terraceamento.
    Foto: Gustavo Ribas Curcio

    Foto: Gustavo Ribas Curcio
    Plantio arbóreo para conter sedimentos.
    Foto: Mauricio Kacharouski

    Foto: Mauricio Kacharouski
    Raízes de árvores em taludes.
    Foto: Mauricio Kacharouski

    Foto: Mauricio Kacharouski
  • Figura 2 - Nascente desprovida de proteção florestal com vossoroca
    Figura 8 - Raízes de árvores em taludes
    Figura 7 - Plantio arbóreo para conter sedimentos
    Figura 6 - Prática de terraceamento
    Figura 5 - Vossorocamento em área de nascente
    Figura 4b - Rugosidade de espécies
    Figura 4a - Rugosidade de espécies
    Figura 3 - Floresta ciliar oferecendo baixa proteção aos cursos d´água
    Figura 1 - Representação de Área de Preservação Permanente
    Figura 2 - Nascente desprovida de proteção florestal com vossoroca
    Figura 8 - Raízes de árvores em taludes
    Figura 7 - Plantio arbóreo para conter sedimentos
    Figura 6 - Prática de terraceamento
    Figura 5 - Vossorocamento em área de nascente
    Figura 4b - Rugosidade de espécies
    Figura 4a - Rugosidade de espécies
    Figura 3 - Floresta ciliar oferecendo baixa proteção aos cursos d´água
    Figura 1 - Representação de Área de Preservação Permanente