CAMBISSOLOS FLÚVICOS DA BHP III: características e funcionalidades ecológicas
Gustavo Ribas Curcio1; Annete Bonnet1, Mauricio Kacharouski2, Andrei Luan Petry2, Marlon Antonio Debrino2
Em função de sua gênese essencialmente fluvial, a distribuição dos Cambissolos Flúvicos está restrita às planícies perfazendo, inclusive, as margens dos rios da Bacia Hidrográfica Paraná III (Figuras 1 e 2).
Trata-se de um solo mineral com elementos que denotam o caráter flúvico dentro de 150 cm a partir da superfície, com sequenciamento de horizonte A sobreposto ao horizonte B incipiente (Figura 3) que, por sua vez, pode estar assente sobre horizonte BC – ampla presença de minerais primários - (Figura 4), ou mesmo sobre rocha (Figuras 5 e 6).
Também é digno de nota que essas “linhas de pedras” são compostas por fragmentos de rocha com diferentes formas, tamanhos e graus de angulosidade (Figura 9), não raramente acompanhadas por lentes de magnetita, mineral característico de fração areia pesada em solos derivados de rochas eruptivas (Figura 10).
Na mencionada bacia, tem-se observado nas pesquisas do PronaSolos-PR de que a trofia destes volumes são bem variáveis – eutróficos e distróficos. Genericamente, essa variação depende da trofia do “solo fonte”, assim como do tempo de permanência do sedimento no transporte fluvial. Assim, nos Cambissolos Flúvicos originários dos sedimentos provenientes dos Latossolos Vermelhos distroférricos típicos (Figura 11), condição encontrada dominantemente nas paisagens convexadas acima dos 500 metros de altitude, tem-se o predomínio do caráter distrófico (V% inferior a 50 %). Contudo, entre os Cambissolos Flúvicos das planícies de baixa altitude (inferior a 500 metros), é muito comum se deparar com o caráter eutrófico (V% igual ou superior a 50%) em razão da entrada em abundância dos sedimentos originários dos Neossolos Regolíticos (Figura 12) e Neossolos Litólicos. Isso se deve aos processos erosivos que ocorrem em grande intensidade (Figura 13) no Subplanalto São Francisco (Figura 14) em função dos usos conflitantes com o potencial de uso.
A textura dos Cambissolos Flúvicos varia de argilosa a muito argilosa, raramente média, fato comum em planícies desenvolvidas sobre rochas eruptivas, podendo ser encontrados alguns volumes com presença de pedregosidade, normalmente de forma alinhada (Figura 15). Ao norte da bacia, sobre a influência do Arenito Caiuá, a fração areia passa a ter maior evidência conferindo a esses solos a textura média e, normalmente, com caráter distrófico.
As cores avermelhadas destes volumes (Figura 16), reflexo da boa drenagem, podem variar para tons mais amarelados, principalmente em profundidade, quando se distingue algum problema com a drenagem – classe moderadamente drenado, devido à problemas de ascensão e descensão do freático.
Em razão de sua ocorrência em planícies, por vezes associados aos Neossolos Flúvicos, cumprem funcionalidades ecológicas importantes e similares a estes, fato comentado na respectiva notícia (http://www.pronasolos.pr.gov.br/2019/09/34/Neossolo-Fluvico-situacao-na-paisagem-caracteristicas-e-funcionalidades.html). No entanto, em função da maior homogeneidade textural, postam-se com maior estabilidade frente a ação do fluxo de cisalhamento fluvial não dispensando, contudo, da presença das raízes dos componentes da floresta fluvial, os quais conferem forte agregação mecânica às margens.
Neste sentido, chama a atenção a preocupação do produtor rural, o qual compreende a necessidade da floresta fluvial nas beiradas de rios para garantir o cumprimento das exigências legais, sobretudo o exercício pleno das funções ecológicas deste sistema.
1 – Pesquisador da Embrapa Florestas – gustavo.curcio@embrapa.br
1 – Pesquisadora da Embrapa Florestas – annete.bonnet@embrapa.br
2 – Técnico do PronaSolos Paraná – mkacharouski@gmail.com
2 – Técnico do PronaSolos Paraná – andrei_luan_petry@hotmail.com
2 – Técnico do PronaSolos Paraná – marlon_debrino@hotmail.com