CARACTERÍSTICAS DA PROVÍNCIA CONVEXADA NA BACIA HIDROGRÁFICA PARANÁ III
Gustavo Ribas Curcio1; Annete Bonnet1; Andrei Luan Petry2; Maurício Kacharouski2; Marlon Antonio Debrino2; Dalila Peres de Oliveira3; Leonardo Miranda Feriani3
Província é um termo que infere sobre a territorialidade ou comportamento de elementos de cunho histórico, geográfico, político entre outros. Nas áreas de geologia, geomorfologia e de solos também é muito utilizado e, normalmente, designa uma região onde há o domínio de algum elemento ou característica sobre os demais.
Para o levantamento de solos que vem sendo realizado na Bacia Hidrográfica Paraná III, o PronaSolos-PR utiliza este designativo no sentido geomorfológico, seguido das expressões convexada ou patamarizada. Por sua vez, a denominação convexada refere-se a partes da paisagem onde se têm nos topos das encostas conformações convexas suaves e amplas, as quais transmutam para configurações também suaves, porém côncavas ou retilíneas encosta abaixo, sem haver ruptura de declive abrupta. Assim, Província convexada refere-se às regiões onde há o prevalecimento de relevos de baixa declividade, com conformações convexas nas partes altas, podendo assumir gradualmente variações côncavas ou retilíneas nas partes médias e inferiores das encostas (Figura 1).
A ocorrência deste tipo de província se verifica, predominantemente, nos subplanaltos Cascavel, Campo Mourão e Umuarama, com sua expressão máxima entre os divisores de bacias hidrográficas Paraná III e Piquiri, além de ocorrer no subplanalto Foz do Iguaçu (Figura 2).
Para esta província predominam três formas de encostas: convexa-divergente, convexa/côncava-convergente e convexa-retilínea, (Figuras 3, 4 e 5), todas rampas de comprimento bastante acentuado e com baixas declividades (Tabela 1).
Como exemplo de ocorrência da Província convexada pode ser citada a carta D4 (Figura 6), onde os maiores comprimentos médios são registrados para as rampas convexas-divergentes, em torno de 2000 metros, praticamente 800 metros – em média - a mais que as duas outras formas de rampa (Tabela 1).
Tabela 1 - Características geomorfológicas das rampas estudadas (Ams - amostras e Obs - observações) na Carta D4 - BHP III.
Contudo, apesar das maiores amplitudes altimétricas e dos maiores comprimentos das encostas com conformação convexa-divergente, os maiores registros de erosão estão sendo verificados nas rampas convexa/côncava-convergente, devido à convergência hídrica para suas linhas centrais (Figura 4) e ainda nos terços inferiores das encostas convexa-retilíneas. A maior incidência de erosão em rampas convexa-côncava-convergentes implica em grande risco de soterramento dos ambientes circunvizinhos às nascentes, descaracterizando a legitimidade hídrica destas paisagens e sua flora associada. Por isso a necessidade de se efetuarem manejos que possam garantir a máxima infiltração de água nos solos submetidos ao uso, hoje em grande parte com fortes graus de compactação.
A divergência dos fluxos hídricos superficiais determinados pela forma de rampa convexo-divergente, bem como as menores declividades médias justificam as menores incidências erosionais detectadas durante as ações dos levantamentos de solos.
Outra característica marcante da província convexada é a ampla largura dos topos com predomínio do relevo plano – 0 a 3% (Figura 7). Para a citada carta, para as mesmas pedossequências, foi registrada um tamanho médio de interflúvio de 2130 metros, sendo que a parte de topo com relevo plano corresponde a 566 metros, equivalente a 24,5%, muito discrepante dos valores da Província patamarizada.
Os Latossolos Vermelhos (Figura 8) são predominantes na Província convexada promovendo, assim, elevado potencial para os sistemas produtivos agrícolas. Ademais, devido às elevadas taxas de infiltração destes solos sob condições naturais, bem como as suas grandes profundidades, deflagra-se uma alta capacidade de recarga hidrológica de subsuperfície para os aquíferos (livre e confinado). É essa condição que propicia à província a predominância de leitos fluviais com caráter essencialmente perene. Sem a menor sombra de dúvida, as nascentes da Província convexada são as que possuem as maiores vazões perenes da bacia em questão (Figura 9).
Pelos motivos expostos, depreende-se a necessidade de se efetuarem esforços no sentido de garantir a conservação dos solos submetidos aos sistemas produtivos, garantindo não só a produtividade das culturas, sobretudo, garantir a dinâmica de recargas e descargas hidrológicas para toda a bacia hidrográfica.
1 – Pesquisador da Embrapa Florestas – gustavo.curcio@embrapa.br
1 – Pesquisadora da Embrapa Florestas – annete.bonnet@embrapa.br
2 – Técnico do PronaSolos Paraná – andrei_luan_petry@hotmail.com
2 – Técnico do PronaSolos Paraná – mkacharouski@gmail.com
2 – Técnico do PronaSolos Paraná – marlon_debrino@hotmail.com
3 – Bolsista da Sec. Ciên. Tec. Pr – dalilap_oliveira@outlook.com
3 – Bolsista da Sec. Ciên. Tec. Pr – leonardo.feriani@hotmail.com