João Henrique Caviglione¹; Gustavo Ribas Curcio², Annete Bonnet³

O levantamento de solos e vegetação protetiva de rios e nascentes da Bacia Hidrográfica Paraná III que vem sendo executado pelo PronaSolos Paraná, e como qualquer outro levantamento de solos e vegetação, necessita de bases cartográficas com precisão e acurácia para que os resultados sejam confiáveis. Nesse contexto, referente a solos, as bases cartográficas são responsáveis por informações relativas ao relevo, material de origem, textura e regime hídrico de solos, entre outros. Para o cenário da vegetação fornece princípios importantes como estádio de evolução, textura de composição, além de ocupação territorial. Portanto, as bases cartográficas devem possuir escalas compatíveis com o tipo e grau de precisão do levantamento.

A escala do modelo digital de elevação (MDE) é definida pela sua resolução espacial, que é a menor distância entre dois pontos com informações distintas. O MDE é a origem das informações de relevo, entretanto, além da escala, é importante se avaliar a acurácia e a precisão das informações e a relação a essa. Na interpretação de solo, pode-se considerar que essas são mais importantes que a própria resolução espacial, pois a interpretação das formas de vertente (côncava, convexa, divergente, convergente e as combinações) são mais afetadas pela imprecisão no valor (altitude) entre dois pontos próximos, do que pela distância entre eles (resolução espacial).

A construção dos mapas base de campo para o PronaSolos Paraná necessitou de uma calibração dos parâmetros, durante a sua composição, em relação ao que verdadeiramente é encontrado em campo, nominada verdade de campo. Para os levantamentos pedológicos e de vegetação a verdade de campo em escala compatível é importante para a calibração dos parâmetros da imagem e são definidos pelas respectivas densidades de amostragens. Esta calibração que antecede ao levantamento garante a fidelidade do Mapa Base à realidade.

O Mapa Base de Campo é a composição de uma imagem orbital colorida, atual e de alta resolução, com informações de relevo na isocota altimétrica e de suas formas, ambos obtidos do modelo digital de elevação. A imagem utilizada foi o BaseMap, World Imagery, oriundo da DigitalGlobe® e disponibilizado pela ESRI®. Além do pré-tratamento que a imagem recebe, para este uso, foram ajustados o contraste, brilho e o histograma, para otimizar a composição com as informações de relevo e de nitidez para as interpretações da vegetação e dos solos.

As informações de relevo foram geradas a partir do modelo topodata, disponibilizado pelo INPE. Embora existam outros modelos com resolução espacial menor, a melhor acurácia e precisão foi encontrada nesse modelo. Além das isocotas, as informações de relevo são inseridas na imagem pela técnica conhecida como Hillshade, no software ArcGis®. A figura 1 mostra duas imagens da mesma área. A primeira é composta somente pela imagem e a segunda possui as isocotas e composição com as informações de relevo pelo Hillshade.

 

 

 

 

 

 

Figura 1 – Comparação entre uma imagem de satélite (a) e a composição do Mapa Base de Campo da mesma área (b), com as isocotas e o destaque de relevo pelo Hillshade. (As imagens estão no GDRIVE).

Para cada carta do projeto é gerado um Mapa Base de Campo correspondente. A partir desses, são interpretados, extraídos e inseridos os corpos hídricos, representados por rios e nascentes, afim de facilitar a análise e interpretação de solos e de vegetação. Posteriormente, nesse conjunto, são definidos os pontos de amostragem e observação de solos e de vegetação. Finalmente, após a obtenção dos resultados laboratoriais, são gerados os mapas de solos contendo as unidades de mapeamento e respectivas aptidões, assim como os mapas de vegetação informando sua distribuição territorial.

1 – Pesquisador do Iapar – jhcaviglione@iapar.br

2 – Pesquisador da Embrapa Florestas – gustavo.curcio@embrapa.br

3 – Pesquisadora da Embrapa Florestas – annete.bonnet@embrapa.br