EFEITOS DOS CIPÓS NAS FLORESTAS REGENERANTES
Maurício Kacharouski1, Gustavo Ribas Curcio2, Annete Bonnet3
Os cipós também conhecidos como lianas, são trepadeiras que se utilizam de outras espécies arbóreas lenhosas para poderem se sustentar e crescerem, pois não possuem estrutura para se manterem sozinhos. Possuem inúmeros ramos que são flexíveis e que conseguem crescer em altura como em comprimento muito rapidamente (Figura 1).
Nos subplanaltos de Cascavel, de São Francisco, de Campo Mourão e de Umuarama tem se encontrado muitos capões de florestas com grandes infestações de cipós (Figura 2). Nesses capões destacam-se alguns cipós como o Nhapindá – Senegalia tenuifolia (Figura 3) , Cipó rosa - Banisteriopsis muricata, Cipó São João – Pyrostegia venusta (Figura 4), Escada de macaco - Bauhinia angulosa (Figura 5), Rabo de Bugio – Dalbergia frutescens, entre outras. Essas plantas alcançam grandes extensões sobre as florestas regenerantes causando alguns problemas para os indivíduos arbóreos, inclusive estrangulamento (Figura 6).
O crescimento das lianas acontece principalmente em ambientes florestais perturbados que passaram por eliminação ou corte parcial de árvores. Nesses casos os cipós tendem a aumentar muito nos primeiros anos, não sendo raros os casos em que a massa é tão grande que impossibilita regeneração de arbóreas nas áreas por muito tempo (Figura 7).
Os efeitos das trepadeiras nas árvores são inúmeros, a principal é a competição por nutrientes e água que acontece tanto pelas folhas como no solo com suas raízes profundas e dispersas. Por serem grandes em extensão, os ramos dos cipós acabam causando um sobrepeso causando a quebra dos galhos, inclusive de árvores menores.
Apesar de muitas vezes se constituírem como elementos prejudiciais às árvores, os cipós contribuem para o ecossistema, pois produzem frutos e grande quantidade de flores que são apreciados pela fauna (Figura 8), constituindo pluralidade genética para a floresta.
Contudo, a grande abundância das lianas nos capões florestais atualmente deve-se a ação do homem no passado e no presente, favorecendo ingressões mais vigorosas, as quais causam danos expressivos para as árvores, consequentemente, para a floresta.
O número de informações técnicas atualmente é suficiente para promover análises profundas sobre os danos que causamos às florestas e suas consequências. Sem dúvida alguma, deveremos ter atitudes mais coerentes garantindo a coexistência dos sistemas de produção e da preservação.
1 – Técnico do PronaSolos Paraná – mkacharouski@gmail.com
2 – Pesquisador da Embrapa Florestas – gustavo.curcio@embrapa.br
3 – Pesquisadora da Embrapa Florestas – annete.bonnet@embrapa.br