FAUNA SILVESTRE - E AS ÁRVORES QUE AS ATRAEM PARA AS PROPRIEDADES RURAIS E URBANAS
Gustavo Ribas Curcio1; Annete Bonnet1, Mauricio Kacharouski2
Junho 2021
Grande parte dos limites da Bacia Hidrográfica Paraná III encontra-se inserida na unidade fitogeográfica Floresta Estacional Semidecidual (FES), uma vez que há uma zona ecotonar em altimetrias mais elevadas, aproximadamente a partir de 500 metros, com a unidade fitogeográfica – Floresta Ombrófila Mista (FOM). Ambas as unidades possuem notável diversidade biótica, exibindo vegetação de natureza diversa como árvores, herbáceas, cipós, epífitos entre outros, nas quais resultam cenários de rara beleza.
Nestas florestas encontram-se frutos em abundância o ano todo, fonte de vida para a fauna da região, assim como, muitos deles, próprios para o consumo humano in natura, ou para a culinária na confecção de pratos, ou ainda, quando beneficiados – doces e geleias.
Ainda que em pequena escala, durante os levantamentos realizados pelas equipes do PronaSolos PR, pôde ser observado o uso de algumas espécies plantadas em diferentes locais, tais como em quintais e pomares, além de constituírem parte do paisagismo de praças e calçadas de via pública, dentre estas a guabiroba, a jabuticaba, a pitanga, a cereja, o butiá, o araticum entre outras.
Em meio natural, estas e muitas outras espécies ainda são encontradas como constituintes de fragmentos florestais de encosta e de planície, testemunhos de uma outrora floresta exuberante, repleta de nichos com fauna muito rica adaptada.
Os dois anos e meio do Projeto PronaSolos PR, observando e analisando paisagens constituintes da BHP III, levou a considerar a necessidade de se elaborar uma tabela relativa às espécies nativas e respectivas épocas de frutificação.
Assim, a tabela abaixo contém espécies arbóreas nativas propícias para a reinserção de forma planejada em espaço de conveniência ambiental, com o sentido de favorecer a fauna, seja em espaços públicos, ou em propriedades privadas – rurais ou urbanas. No sentido de implementar ações que visem a expansão dos plantios de arbóreas nativas, caberia a iniciativa à Secretaria de Meio Ambiente dos municípios planejar e organizar equipes de coleta de sementes. De forma complementar, poderia ser repassada às Secretarias de Educação a incumbência de repassar ensinamentos fundamentais sobre a floresta - suas funções - por meio de práticas de educação ambiental nas escolas e comunidades afins.
A tabela 1 contém lista de espécies organizada por período de frutificação, a qual se implantada poderá garantir a produção de mudas durante o ano, tendo em conta que os meses citados poderão sofrer variações de tempo (1 a 3 meses).
Tabela 1 – Época de frutificação das espécies arbóreas nativas das unidades fitogeográficas – Florestas Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Mista, Bacia Hidrográfica Paraná III.
As formas de plantio podem ser realizadas considerando uma série de fatores, como espaço compatível ao porte arbóreo de cada espécie, além de considerar a adaptabilidade da espécie aos diferentes tipos de solos e seus atributos. Neste quesito, chama-se a atenção para a espessura e o regime hídrico dos solos (hidromórfico, semi-hidromórfico, não hidromórfico), fatores preponderantes para o perfeito desenvolvimento da planta.
Além disto, é importante saber o grupo ecológico a que cada espécie pertence (pioneira, secundária inicial e tardia e clímax), no sentido de combinar as necessidades da espécie – plantada a pleno sol ou sombreado.
Importante ainda destacar é o espaçamento entre os indivíduos e, para isto, atenção deve ser dado aos volumes das copas de cada espécie, permitindo a correta expansão no ambiente planejado.
As espécies mencionadas na tabela 1 permitem uma profusão de frutos o ano todo, favorecendo a formação de nichos de dispersão de sementes, além de possibilitar a contemplação da beleza e respectivos cantos das aves da região. Certamente, para a maioria dos casos, as aves serão as primeiras a aparecerem no local, seguidos por pequenos e médios mamíferos.
Indubitavelmente, o aumento da oferta ambiental por meio dos frutos é uma prática que deve ser incentivada e implementada por nossa sociedade, determinando benefícios ambientais e, consequentemente, incorrendo em melhorias para todos.
1 – Pesquisador da Embrapa Florestas – gustavo.curcio@embrapa.br
2 – Pesquisadora da Embrapa Florestas – annete.bonnet@embrapa.br
3 – Técnico do PronaSolos Paraná – mkacharouski@gmail.com