MAPA HIDROGRÁFICO DA BACIA HIDROGRÁFICA PARANÁ III: ESCALAS DE REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA

Leonardo Miranda Feriani1, Dalila Peres de Oliveira1, Gustavo Ribas Curcio2; Annete Bonnet2, João Henrique Caviglione

 

 

A cartografia antecede a era cristã, retratando formas de uso no território feitas ao longo do tempo pelo homem, aliada à necessidade de espacializar os elementos da paisagem. Dentre os diferentes temas da cartografia há a hidrografia, a qual legitima a distribuição dos corpos d´água – lagos, rios, nascentes etc.

A hidrografia e seus respectivos elementos são importantes para o planejamento do desenvolvimento da sociedade humana e são retratados em mapas - antigos e atuais - com diferentes fins, podendo estar associado a estudos antropológicos, geológicos, geomorfológicos, pedológicos entre outros.

Os mapas de hidrografia começaram a ter maior destaque no período do império romano, quando parte de sua expansão territorial era controlada por meio da distribuição fluvial. No Brasil, o desenvolvimento cartográfico ocorreu no período do descobrimento, quando os primeiros exploradores registravam características da costa brasileira, inclusive rios.  O valor histórico desses mapas é inestimável, pois embora contenha incorreções técnicas, observam-se níveis impressionantes de detalhes na representação da hidrografia, considerando-se as técnicas disponíveis para a época (Figura 1).

 

Figura 1 – Mapa do Período Imperial – estrada de ferro Paraná-Mato Grosso, 1876.
Figura 1 – Mapa do Período Imperial – estrada de ferro Paraná-Mato Grosso, 1876.

 

 

 

Considerando a Bacia Hidrográfica Paraná III, dentre outros, existem dois mapas hidrográficos oficiais do Estado disponíveis, porém em escalas bem distintas. O primeiro do Instituto de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná (1:250.000) e o outro do Instituto das Águas do Paraná (1:50.000). Escalas tão discrepantes possibilitam registros cartográficos distintos quanto à precisão, tendo-se em conta que quanto menor a escala, maior a distorção na representação.

Na Figura 2 é possível observar a diferença quanto ao nível de detalhamento de duas bases hidrográficas. No mapa do ITCG, com menor detalhamento, as grafias fluviais expressam rios com maior nível hierárquico (terceira ordem em diante), abstraindo em grande parte rios de primeira e segunda ordem. Deve ser considerado que a escala é definida a partir dos objetivos do trabalho, para que a representação do fenômeno a ser mapeado seja a mais fidedigna possível.

 

Figura 2 – Representação hidrográfica em duas escalas cartográficas. Trecho Arroio Guaçu, município de Toledo, PR.
Figura 2 – Representação hidrográfica em duas escalas cartográficas. Trecho Arroio Guaçu, município de Toledo, PR.

 

 

A base hidrográfica 1:50.000 do Instituto das Águas do Paraná, conforme Figura 3, aproxima-se do traçado hídrico necessário aos detalhes dos levantamentos do PronaSolos-PR. No entanto, ainda apresenta insuficiência na precisão em áreas de nascentes e pontos mais sinuosos dos cursos d’água, o que comprometeria a delimitação e interpretação das Áreas de Preservação Permanente – APP em escala 1:10.000.

 

Figura 3 – Representação hidrográfica em três escalas cartográficas. Trecho Arroio Guaçu, município de Toledo, PR.
Figura 3 – Representação hidrográfica em três escalas cartográficas. Trecho Arroio Guaçu, município de Toledo, PR.

 

 

O PronaSolos-PR tem por objetivo produzir mapa de solos da Bacia Hidrográfica Paraná III em escala 1:50.000 e mapa de vegetação protetiva de rios e nascentes em escala 1:10.000, possibilitando proceder ao melhor planejamento das paisagens rurais. Portanto, em busca de uma melhor correspondência com essa realidade, fez-se necessária a confecção específica de uma base hidrográfica da citada bacia pelo projeto, para fornecer o nível de detalhamento exigido à interpretação da vegetação protetiva de rios e nascentes.

A ampliação da escala permitiu aferir com maior precisão o curso dos rios e respectivas delimitações das planícies, além de proceder ao registro mais preciso das nascentes perenes. Durante a confecção dessa nova base hidrográfica, campanhas de campo foram realizadas  – verdades de campo – com o objetivo de refinar a representação cartográfica das nascentes.

A equipe do PronaSolos-PR espera que o mapa referente a rede hidrográfica da Bacia Hidrográfica Paraná III, a ser publicado na escala 1:10.000, forneça bases robustas para as pesquisas e gerenciamentos de seu território, contribuindo com as entidades, públicas ou privadas, subsidiando, sobretudo, o planejamento e a gestão dos recursos hídricos, vitais para o desenvolvimento sustentável.

 

 

1 – Bolsista da Sec. Ciên. Tec. Pr – leonardo.feriani@hotmail.com

1 – Bolsista da Sec. Ciên. Tec. Pr – dalilap_oliveira@outlook.com

2 – Pesquisador da Embrapa Florestas – gustavo.curcio@embrapa.br

2 – Pesquisadora da Embrapa Florestas – annete.bonnet@embrapa.brr

† – Ex-pesquisador do IDRPR

  • Figura 3 – Representação hidrográfica em três escalas cartográficas. Trecho Arroio Guaçu, município de Toledo, PR.
    Figura 2 – Representação hidrográfica em duas escalas cartográficas. Trecho Arroio Guaçu, município de Toledo, PR.
    Figura 1 – Mapa do Período Imperial – estrada de ferro Paraná-Mato Grosso, 1876.
    Figura 3 – Representação hidrográfica em três escalas cartográficas. Trecho Arroio Guaçu, município de Toledo, PR.
    Figura 2 – Representação hidrográfica em duas escalas cartográficas. Trecho Arroio Guaçu, município de Toledo, PR.
    Figura 1 – Mapa do Período Imperial – estrada de ferro Paraná-Mato Grosso, 1876.