NITOSSOLO VERMELHO DO SUBPLANALTO CASCAVEL – características e potencial de uso.

Gustavo Ribas Curcio1; Annete Bonnet2, Rafael Brustolon3

                                                                               

Os Nitossolos Vermelhos constituem uma das classes de solos de encosta mais encontradas na Bacia Hidrográfica do Paraná III (Figura 1). Nas paisagens do subplanalto de Cascavel, onde há amplo predomínio dos Latossolos Vermelhos, a ocorrência dos Nitossolos fica restrita às porções inferiores das encostas, em relevos de maior declividade (Figura 2).

Figura 1 - Nitossolo Vermelho.
Figura 1 - Nitossolo Vermelho.

 

Figura 2 - Paisagem de ocorrência do Nitossolo Vermelho.
Figura 2 - Paisagem de ocorrência do Nitossolo Vermelho.
 

No referido subplanalto, em geral, os Nitossolos apresentam grau de evolução pedogenética maior que os seus homólogos do Subplanalto São Francisco, com textura argilosa a muito argilosa e com espessuras de solum superiores a 1,5 m, com pequena presença de cascalhos e concreções, ou mesmo suas ausências. Em razão desta evolução, apresentam transição gradual a difusa entre os sub horizontes níticos, evidenciado incremento da cerosidade na medida em que acentua a sua peculiar estrutura blocada (Figura 3).

 

Figura 3 - Blocos subangulares de Nitossolo Vermelho.
Figura 3 - Blocos subangulares de Nitossolo Vermelho.

 

 

A estrutura, moderada a forte em blocos, combinada a níveis de cerosidade (Figura 4), minimamente, comum e moderada, conferem-lhe menor grau de infiltração de água comparativamente aos Latossolos. Este fato, conciliado às declividades em torno de 15% ou mais, sobretudo, ao seu posicionamento de rampa (terço inferior das encostas), determinam maior suscetibilidade à erosão do que a dos Latossolos.

 

Figura 4 - Cerosidade forte e abundante em bloco de Nitossolo Vermelho.
Figura 4 - Cerosidade forte e abundante em bloco de Nitossolo Vermelho.

 

 

Por este motivo é comum evidenciar a presença de sulcos de erosão (Figura 5) e até vossorocas ao centro da linha de convergência hídrica das paisagens que ocorrem estes solos (Figura 6), os quais não raramente transpassam às APPs - Áreas de Preservação Permanente (Figura 7). Este processo promove descargas hídricas ricas em sedimentos e colóides nos rios ou mesmo favorecem o soterramento de nascentes, situações indesejáveis e inaceitáveis.

Figura 5 - Sulcos de erosão em Nitossolo Vermelho.
Figura 5 - Sulcos de erosão em Nitossolo Vermelho.
Figura 6 - Vossoroca em Nitossolo Vermelho.
Figura 6 - Vossoroca em Nitossolo Vermelho.
Figura 7 - Transpasse de sulco de erosão em Área de Preservação Permanente.
Figura 7 - Transpasse de sulco de erosão em Área de Preservação Permanente.
 

Convém comentar que as espessuras do horizonte superficial nos Nitossolos são sempre inferiores às encontradas nos Latossolos. Esta condição é justificada pela incidência da erosão ser maior naqueles solos. Enquanto nos Latossolos tem-se identificado, dominantemente, espessuras do horizonte superficial entre 30 e 50 cm, nos Nitossolos estas espessuras são bem mais adelgaçadas – 15 a 30 cm.

A dinâmica erosional, para as condições citadas de ocorrência, é fruto de processos interativos entre as características intrínsecas do solo e as feições geomórficas – declive, forma e tamanho da rampa, além do posicionamento na encosta. Assim, os escorrimentos superficiais resultantes da menor permeabilidade do horizonte nítico (estrutura em blocos) em relação ao horizonte superficial (estrutura granular), são potencializados em grandes eventos de precipitação. Como os Nitossolos estão situados ao final das rampas, recebem um caudal hídrico de montante, o qual não encontra perfeitas condições para sua infiltração total. Isto se deve a uma combinação de circunstâncias das quais destacam-se as condições de relevo citadas, a menor permeabilidade dos horizontes níticos e ainda, ao maior grau de umidade antecedente destes horizontes. Por esta razão, quando estes solos se encontram posicionados entre os Latossolos Vermelhos e as florestas que devem constituir as APPs, além de boas práticas mecânicas e vegetativas nas lavouras, deve-se fortalecer a capacidade de contenção de sedimentos das citadas florestas, afim de minimizar o transporte de sedimentos e íons para os corpos d´água.

Para o subplanalto citado, tem-se identificado o horizonte B nítico com saturação por bases entre 25 a 45% (caráter distrófico), abaixo de horizonte superficial do tipo moderado ou proeminente com a referida saturação acima de 50% (caráter eutrófico).

A boa drenagem, combinada as boas condições químicas, bem como a alta possibilidade de mecanização destes solos, ensejam elevadas produtividades agrícolas, não raramente, superiores a registrada em Latossolos Vermelhos.

 

1 – Pesquisador da Embrapa Florestas – gustavo.curcio@embrapa.br;

2 – Pesquisadora da Embrapa Florestas – annete.bonnet@embrapa.br;

3 – Técnico do PronaSolos Paraná – brus­-tolon@hotmail.com

  • Figura 7 - Transpasse de sulco de erosão em Área de Preservação Permanente
    Figura 6 - Vossoroca em Nitossolo Vermelho
    Figura 5 - Sulcos de erosão em Nitossolo Vermelho
    Figura 4 - Cerosidade forte e abundante em bloco de Nitossolo Vermelho
    Figura 3 - Blocos subangulares de Nitossolo Vermelho
    Figura 2 - Paisagem de ocorrência do Nitossolo Vermelho
    Figura 1 - Nitossolo Vermelho
    Figura 7 - Transpasse de sulco de erosão em Área de Preservação Permanente
    Figura 6 - Vossoroca em Nitossolo Vermelho
    Figura 5 - Sulcos de erosão em Nitossolo Vermelho
    Figura 4 - Cerosidade forte e abundante em bloco de Nitossolo Vermelho
    Figura 3 - Blocos subangulares de Nitossolo Vermelho
    Figura 2 - Paisagem de ocorrência do Nitossolo Vermelho
    Figura 1 - Nitossolo Vermelho