VEGETAÇÃO NATIVA DO ESTADO DO PARANÁ - GRÁPIA

Gustavo Ribas Curcio1; Annete Bonnet2; Andrea Kodama3, Maurício Kacharouski3

 

 

A Floresta Estacional Semidecidual que recobre grande parte da Bacia Hidrográfica Paraná III – BPIII – é muito diversa, constituída por arbóreas que alcançam 40 a 45 metros de altura (Figura 1).

Dentre as árvores de grande porte encontra-se a fabácea grápia – Apuleia leiocarpa - a qual atinge em torno de 35 metros (Figura 2) e diâmetro de tronco próximo a 100 cm (Figura 3). Sua distribuição nacional é bem ampla, sendo encontrada desde as florestas do sul da Bahia até o Rio Grande do Sul.

Figura 1 - Vista interna de Floresta Estacional Semidecidua.
Figura 1 - Vista interna de Floresta Estacional Semidecidual.
Figura 2 - Apuleia leiocarpa - grápia.
Figura 2 - Apuleia leiocarpa - grápia.
Figura 3 - Tronco de Apuleia leiocarpa.
Figura 3 - Tronco de Apuleia leiocarpa.
 

Em razão das boas características da sua madeira, tem ampla aplicação pela sociedade em estruturas externas (dormentes, postes, estacas, moirões entre outras), bem como na construção civil (vigas, caibros, ripas, batentes de portas e janelas, esquadrias, assoalhos, forros e similares). Além disso, é também indicada para cabos de ferramentas, barris, carrocerias e construção naval. É conveniente citar que apesar da madeira ser pesada e dura, é fácil de ser trabalhada, proporcionando bom acabamento. Os agricultores mais antigos da BPIII referem-se aos cabos de ferramentas da grápia como de alta resistência, porém pesados, motivo pelo qual tornam-se próprios para tarefas rápidas e difíceis de serem realizadas, a exemplo, a remoção de pedras para confecção de hortas, elaboração de valas para drenagem etc.

A espécie no inverno perde suas folhas - decídua (Figura 4) e quando bem desenvolvida, é facilmente reconhecível na floresta devido à característica de sua casca com formas arredondadas, como se essa tivesse sido martelada (Figura 5). Some-se a isso, a cor amarelada de sua casca interna (Figura 6) e as folhas do tipo pinada (Figura 7). Na região oeste do Paraná os agricultores a conhecem também como garapeira ou amarelinha, essa devido a cor bege-amarelada de sua madeira.

Figura 4 - Grápia no inverno com perda de folhagem.
Figura 4 - Grápia no inverno com perda de folhagem.

 

Figura 5 - Tronco de Apuleia leiocarpa.
Figura 5 - Tronco de Apuleia leiocarpa.
Figura 6 - Casca interna de Apuleia leiocarpa.
Figura 6 - Casca interna de Apuleia leiocarpa.

 

Figura 7 - Folhas pinadas de Apuleia leiocarpa.
Figura 7 - Folhas pinadas de Apuleia leiocarpa.
 

A ocorrência dessa espécie na BPIII, mais especificamente em solos derivados de rochas eruptivas básicas, é muito versátil, ocupando tanto paisagens de encosta como de planície. Nas encostas estão sendo registrados indivíduos em solos profundos, argilosos com fertilidade variável – Distroférricos e Eutroférricos (Latossolos Vermelhos e Nitossolos Vermelhos) (Figura 8), assim como em solos mais adelgaçados, cascalhentos e pedregosos, normalmente de alta fertilidade - Neossolos Litólicos ou Regolíticos e Cambissolos Háplicos lépticos (Figura 9).

Figura 8 - Nitossolo Vermelho Eutroférrico latossólico.
Figura 8 - Nitossolo Vermelho Eutroférrico latossólico.

 

Figura 9 - Cambissolo Háplico Tb Distroférrico léptico.
Figura 9 - Cambissolo Háplico Tb Distroférrico léptico.
 

Nas planícies tem sido vista em solos mais bem drenados como em Neossolos Flúvicos e Cambissolos Flúvicos de boa drenagem. Apenas uma vez foi identificada em Gleissolo Háplico, no entanto em classe de drenagem imperfeitamente drenado, ou seja, raramente atinge a saturação hídrica plena.

Pelos motivos expostos, associado ao crescimento moderadamente rápido, pode e deve ser usada em plantios de recuperação tanto de paisagens de encosta como de planície, desde que não ocorra saturação hídrica.

 

 

1 – Pesquisador da Embrapa Florestas – gustavo.curcio@embrapa.br

2 – Pesquisadora da Embrapa Florestas – annete.bonnet@embrapa.br

3 – Técnica do PronaSolos Paraná – andrea.kodama@colaborador.embrapa.br

4 – Técnico do PronaSolos Paraná – mkacharouski@gmail.com

  • Figura 9 - Cambissolo Háplico Tb Distroférrico léptico
    Figura 8 - Nitossolo Vermelho Eutroférrico latossólico
    Figura 7 - Folhas pinadas de Apuleia leiocarpa
    Figura 6 - Casca interna de Apuleia leiocarpa
    Figura 5 - Tronco de Apuleia leiocarpa
    Figura 4 - Grápia no inverno com perda de folhagem
    Figura 3 - Tronco de Apuleia leiocarpa
    Figura 2 - Apuleia leiocarpa - grápia
    Figura 1 - Vista interna de Floresta Estacional Semidecidual
    Figura 9 - Cambissolo Háplico Tb Distroférrico léptico
    Figura 8 - Nitossolo Vermelho Eutroférrico latossólico
    Figura 7 - Folhas pinadas de Apuleia leiocarpa
    Figura 6 - Casca interna de Apuleia leiocarpa
    Figura 5 - Tronco de Apuleia leiocarpa
    Figura 4 - Grápia no inverno com perda de folhagem
    Figura 3 - Tronco de Apuleia leiocarpa
    Figura 2 - Apuleia leiocarpa - grápia
    Figura 1 - Vista interna de Floresta Estacional Semidecidual