Soterramento de planícies no Arenito Caiuá - Loanda - PR
Deniz Paulo Ferlin Junior1, Gustavo Ribas Curcio2
A região de Loanda-PR, uma das áreas que está sendo executado o mapeamento de solos em escala de semidetalhe pelo projeto Ação Integrada de Solo e Água, encontra-se no Terceiro Planalto Paranaense, no noroeste do estado (Figura 1). A mencionada região está inserida na Formação Caiuá - Cretáceo (145-66 Ma), a qual é composta por arenitos finos a médios, com cores arroxeadas, em estratificação diversificada (Figura 2), plano-paralela e cruzada de grande porte.
A presença de rampas longas e sem rupturas abruptas de declive, onde sobressaem formas convexas-côncavas (Figura 3) denota forte similaridade com a Província Convexada identificada em parte das paisagens desenvolvidas sobre rochas eruptivas. O padrão da rede de drenagem da mencionada região é radial centrífuga (Figura 4) com evasões dendríticas, cujos padrões de leitos fluviais, majoritariamente, variam de sinuosos a meandrantes.
Os solos presentes na citada conformação têm predomínio da fração areia (Figura 5), o que incorre em estrutura com grau de desenvolvimento fraco e, com frequência, gradientes texturais elevados (Figura 6), ensejando expressiva suscetibilidade aos processos erosivos.
Tais processos na região, assim como em outras que estão sobre a citada formação, encontram-se acentuados (Figura 7) devido à ação antrópica, sobretudo pelo manejo inadequado que promove baixa cobertura dos solos, além da compactação dos mesmos. A erosão promove o depauperamento dos solos de encostas – retirada de sedimentos grosseiros e colóides - o que incorre, necessariamente, em fortes mudanças dos ambientes fluviais, dos quais destacam-se o soterramento de planícies e dos canais fluviais (Figura 8).
O assoreamento de leitos fluviais determina fortes mudanças no nível do freático das planícies (Figura 9), o que promove grande desequilíbrio ambiental, ampliando a presença de zonas anóxicas nestas, tendo como consequência a mortalidade das espécies arbóreas constituintes das florestas fluviais (Figura 10).
Pelo exposto, deve-se considerar que os processos erosivos são nocivos em diferentes paisagens – encostas e planícies - motivo mais do que suficiente para implementar manejos que visem minimizar a erosão que hoje ainda se identifica nos sistemas de produção da região.
1 – Técnico da FAPED – denizferlin@gmail.com
2 – Pesquisador da Embrapa Florestas – gustavo.curcio@embrapa.br