Centro Marcos Enrietti e Adapar ampliam diagnósticos para raiva 13/03/2020 - 11:17

O Centro de Diagnóstico Marcos Enrietti (CDME-Glab), em conjunto com a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), promove um trabalho constante de vigilância para diversas doenças.

Uma destas enfermidades é a raiva dos herbívoros, que além de gerar prejuízos econômicos representa também risco à saúde pública.

Quando há mortalidade de animais com suspeita de doença neurológica, os produtores devem notificar o serviço de defesa agropecuária que, então, faz a colheita gratuita de amostras post mortem dos animais de produção ou animais silvestres, como os morcegos, conforme preconizado pelo Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros (PNCRH) do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento.

Além da raiva, são investigados outros agentes como uma série de vírus, protozoários e bactérias, que causam doenças de notificação obrigatória. Nos últimos anos, o Centro de Diagnóstico vem expandindo o escopo de diagnósticos diferenciais para encefalopatias com resultado negativo para raiva, aumentando sua capacidade diagnóstica.

Além dos exames virológicos, bacteriológicos, parasitológicos e histopatológicos convencionais, a utilização de diferentes técnicas diagnósticas moleculares, entre elas a PCR convencional e a PCR em tempo real, vem possibilitando uma melhor detecção e identificação de outros agentes infecciosos na vigilância passiva. “Antes, quando o laboratório chegava ao diagnóstico de raiva negativa, não tínhamos possibilidade de detectar outras doenças. Agora, com um catálogo maior, podemos chegar a diagnósticos definitivos”, explica o gerente de laboratórios da Adapar, Rodrigo Gibrail Okar.

Em 2019 foram colhidas 272 amostras de encéfalo de diversas espécies para diagnóstico de raiva no Paraná, destas 82 (30%) foram positivas. Entre as 190 amostras restantes, 53 (19%) foram positivas para outros agentes, representando um total de 135 amostras (50%) com algum resultado positivo no ano. Comparativamente, em 2018, antes da implantação dos novos diagnósticos moleculares, foram 26%, ou seja, houve o incremento de aproximadamente 100% na detecção de agentes nas amostras trabalhadas. Agentes que causam a Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR), Encefalite Bovina, Febre Catarral Maligna, Toxoplasmose, Neosporose, Sarcocistose, Listeriose, e Mieloencefalopatia Equina, foram detectados por meio das novas técnicas.

Algumas doenças como a Febre do Nilo Ocidental (WNF) e as Encefalomielites equinas do Leste (EEE), Oeste (WEE) e Venezuelana (VEE) também foram investigadas, porém não detectadas. Para mais detalhes como o número de animais acometidos para cada doença, espécie e mapas de distribuição, acesse este link.

Segundo Okar, estes resultados são importantes em termos de saúde pública, pois muitas destas doenças neurológicas também acometem humanos, como a Listeriose, a febre do Nilo e as encefalomielites equinas, possibilitando o monitoramento dos reservatórios naturais. “Além disso, estes resultados ajudam no controle, detecção de padrões e ameaças à saúde animal e humana, podendo servir de embasamento aos veterinários da iniciativa privada e do serviço oficial para definir estratégias de ação e tomar medidas preventivas a fim de impedir a disseminação destas doenças”.

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