No Paraná, por meio da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), aproximadamente 18 mil indígenas estão sendo beneficiados por iniciativas que promovem a alimentação saudável e garantem renda a produtores rurais. Neste 19 de abril, que marca o Dia dos Povos Indígenas, o Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional (Desan) da Seab destaca os benefícios do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) no atendimento a comunidades de 24 municípios.

O PAA é um programa do Governo Federal que compra alimentos da agricultura familiar e destina às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional, e àquelas atendidas pela rede socioassistencial, pelos equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional e pela rede pública e filantrópica de ensino. 

Em 2023, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) destinou, de forma inédita, recursos do PAA para aquisição de alimentos da Agricultura Familiar e atendimento exclusivo aos povos indígenas. Os recursos para o Paraná somam R$ 1,5 milhão, e os itens começaram a ser entregues em abril. Outra parte dos beneficiados é de produtores rurais que destinam alimentos para o Programa e, com isso, têm uma renda mensal garantida.        

O programa é executado por estados e municípios em parceria com o MDS e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Isso demonstra o compromisso e o comprometimento com a segurança alimentar de toda a população”, diz a diretora do Desan, Márcia Stolarski.  Para elaborar a listagem de comunidades a serem atendidas com os recursos, o Desan fez um levantamento considerando as cidades com maior população indígena, além de dados da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai).

EXEMPLOS - O IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater) preta assistência técnica rural aos Povos Indígenas e é responsável pela entrega destes alimentos.

Mirian Gonçalves, do IDR-Paraná de São Jerônimo da Serra, explicou que a primeira entrega de alimentos pelo PAA nas comunidades indígenas do município exigiu uma atenção especial dos extensionistas. “Conversamos com as lideranças para levantar as preferências da comunidade. Verificamos que a alguns produtos como jiló e berinjela não tinham demanda. Incluímos milho verde e goiaba. Alimentos que normalmente as famílias têm dificuldade de consumir”, informou a extensionista. Miriam explicou que muitas famílias das Terras Indígenas já recebem cestas básicas e com o PAA a intenção é  melhorar a diversidade da alimentação dessas comunidades. “Eles até recebem arroz, feijão e óleo, mas não conseguem ter acesso a frutas e hortaliças. Por isso ficaram satisfeitos com a entrega. Foi muito bom poder oferecer esses alimentos às famílias indígenas”, ressaltou.

Em Nova Laranjeiras, que tem a maior um reserva indígena do Paraná, as iniciativas atendem mensalmente cerca de 140 famílias. Programas como o PAA e o Compra Direta Paraná, do Governo do Estado, que também compra alimentos da agricultura familiar e distribuiu para entidades socioassistenciais, possibilitam a entrega de frutas, verduras, legumes, hortaliças e compotas. “A gente vê no olhar dessas famílias o quanto é importante, então esses programas vêm para superar a vulnerabilidade”, diz a técnica do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) do município, Thalita Onetta. Em abril, 165 famílias foram beneficiadas.

Rafael Alves é apicultor em Ortigueira. Ele tem cerca de 800 colmeias e chega a produzir 15 toneladas de mel. Apesar de estar no ramo há muito tempo, Rafael diz que ultimamente o mercado vem sofrendo muitas oscilações. Por isso viu a venda para o PAA como uma boa alternativa. “Para mim é muito bom porque com o PAA eu sei quando e quanto vou receber. O valor também foi bem atrativo. Entreguei 50 quilos de mel em sachet. Não acredito que os indígenas tenham costume de consumir mel. Quem sabe, a iniciativa estimule a produção de mel nas aldeias”, afirmou Rafael. O produtor é detentor da marca Mel Rei Abelha que tem registro e SIF (Sistema de Inspeção Federal).