Debate avalia se Paraná tem condições de requerer área livre de aftosa 11/05/2015 - 16:31

O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, defendeu nesta segunda-feira (11), durante audiência pública na Assembleia Legislativa, que entidades de classe da agropecuária paranaense apoiem o processo de suspensão da vacinação contra febre aftosa nos rebanhos bovino e de búfalos do Paraná, já a partir de novembro deste ano.

Para Ortigara, essa é a chance do Estado ampliar o comércio interno e externo para todas as carnes e consolidar megainvestimentos industriais que estão em curso para suprir tanto o Brasil como o mercado internacional.

Sob o comando do deputado Antonio Anibelli Neto, os deputados estaduais promoveram esse debate técnico para saber, com mais detalhes, dos riscos dessa ação aos produtores. Diante da grande participação de dirigentes de entidades e público em geral, nova audiência pública foi marcada para o dia 01 de junho.

A audiência contou com praticamente todas as entidades de classe que se posicionaram, em sua maioria, a favor da continuidade do processo de suspender a vacinação contra febre aftosa no Paraná.

CONDIÇÕES TÉCNICAS - Na semana passada, o governador Beto Richa enviou ao Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento pedido para analisar as condições técnicas do Estado em iniciar o processo de obter o reconhecimento internacional de área livre de febre aftosa sem vacinação, pela Organização Munidal de Saúde Animal (OIE).

Para embasar o pedido, o governador autorizou a contratação, por meio de concurso público já realizado, de 169 profissionais entre médicos veterinários, engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas.

Eles passarão por treinamento e vão atuar nas frentes avançadas de fiscalização até o final de junho, disse o diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar), Inácio Afonso Kroetz, que fez uma apresentação das condições técnicas do Estado em levar adiante esse processo.

Segundo Kroetz, o registro de entrada e saída de animais no Estado por meio das Guias de Trânsito Animal (GTAs) reflete a saída de animais que estão sendo abatidos em outros Estados. No ano passado, entraram 78.489 animais e saíram 220.897, um déficit de 142 mil animais que poderiam ser abatidos aqui, disse. “Queremos fortalecer a indústria do abate no Paraná”, afirmou.

Outra medida adotada pelo Estado é a reforma e adequação de 23 postos de fiscalização localizados na fronteira entre os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, que também vão contribuir para ampliar a vigilância e fiscalização do trânsito interestadual de animais e subprodutos de origem animal, expostos a maiores riscos.

INVESTIMENTOS - O secretário Norberto Ortigara disse que se nada for feito agora daqui a 10 anos o Paraná estará no mesmo lugar discutindo se inicia esse processo ou não. Segundo ele, ao longo dos últimos anos já viu as barreiras tarifárias, antes impostas pelo mercado internacional, serem transformadas em barreiras sanitárias. “E o Estado vem se preparando para derrubar essas barreiras para abrir portas de mercados mais valiosos aos produtores paranaenses”, argumentou.

Ortigara lembrou que o estado do Paraná fortaleceu o Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa), os conselhos municipais de sanidade agropecuária com a participação de toda a sociedade e criou a Adapar, que está em seu terceiro ano de vida, executando ações que fortalecem o serviço de sanidade agropecuária. “O Estado vem investindo mais de R$ 115 milhões ao ano na manutenção de quadros de servidores especializados, visando garantir a sanidade e a proteção contra enfermidades que oneram economicamente a produção”.

O secretário lembrou que o vírus da febre aftosa não circula no Paraná há pelo menos 10 anos, e pouco mais de três anos nas Américas. Conforme a Associação Paranaense de Suinocultores, o setor será um dos grandes beneficiados com a medida porque muitos países, como Japão e Estados Unidos, dão prioridade na compra de carnes suínas de áreas livres de febre aftosa sem vacinação. “Esse processo representa a modernização da sanidade agropecuária em todas as outras frentes”, opinou o médico veterinário Eliel de Freitas, presidente do Conselho Estadual de Medicina Veterninária do Paraná.

PESTE SUÍNA - Ortigara citou que o mesmo processo é necessário para obtenção do reconhecimento internacional de área livre de Peste Suína Clássica, que deverá ocorrer em maio de 2016.

Simultaneamente a esse processo, o Estado se prepara para melhorar a cadeia de bovinos de corte do Paraná, com foco na melhoria de todos os índices zootécnicos como taxas de natalidade, de rentabilidade, ganho de peso, redução da idade de abate, que darão condições para fortalecer também a bovinocultura paranaense.

PRÓXIMAS ETAPAS - Dirigentes da Faep, Ocepar, Fetaep, APS se posicionaram favoráveis ao governo do Paraná iniciar o processo de reconhecimento internacional de área livre de febre aftosa sem vacinação. A auditoria do Ministério da Agricultura é esperada para os meses de julho e agosto, com resultado e decisão no mês de setembro.

Em caso de decisão favorável ao início do processo, a campanha de vacinação prevista para o mês de novembro não será mais realizada, sendo essa campanha que está em curso nesse mês de maio para animais jovens de zero da 24 meses, a última.

Além da suspensão da vacinação, haverá restrições ao ingresso de animais vacinados até setembro de 2016, quando o Ministério da Agricultura envia pleito à OIE com as auditorias e exames sorológicos já realizados. A expectativa é que em maio de 2017 ocorra a formalização desse reconhecimento por parte da entidade internacional.