Iapar comemora 44 anos e recebe homenagem da Assembleia Legislativa 08/12/2016 - 14:24

O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), órgão de pesquisa agropecuária vinculado à Secretaria da Agricultura e Abastecimento, foi homenageado pela Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira (07), pelos 44 anos de serviço prestados à agropecuária paranaense. A proposição foi do deputado estadual Pedro Lupion, que ressaltou a importância de valorizar o trabalho do Instituto junto à opinião pública, já que as pesquisas resultam na oferta de alimentos que fazem parte do cotidiano, como café, feijão, frutas, cereais de inverno, pecuária de leite e de corte. “O trabalho do Iapar representa um orgulho para o Paraná e exemplo para o Brasil”, disse o deputado.

Criado em 1972 dentro do esforço de modernizar e diversificar a agricultura paranaense, o Iapar é hoje reconhecido como referência no setor de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias. O secretário da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, afirmou que o trabalho do Iapar contribuiu para o avanço científico que permitiu o desenvolvimento do meio rural e do agronegócio.

“A agricultura paranaense saiu da força bruta, de trabalho de enxada, para uma atividade competitiva, com inovação tecnológica e que cresce no País, mesmo em período de crise como a que estamos atravessando”, disse ele. “Isso nos faz ter certeza que, mesmo com dificuldades, é preciso investir de forma continuada em ciência e tecnologia para não parar no tempo”, acrescentou. “Além da inovação na produção de alimentos, o Iapar é o precursor da prática de uma agricultura ambientalmente correta, sempre pensando com respeito para oferecer sustentabilidade à sociedade”, disse.

O Iapar desenvolve 15 programas: agroecologia, café, cereais de inverno, cultivos florestais, energias renováveis, feijão, fruticultura, gestão da inovação, integração lavoura-pecuária-floresta, milho, pecuária de leite e corte, produção de material propagativo, raízes e tubérculos, recursos naturais e sistemas de produção.

Nesses programas são realizados cerca de 200 grandes projetos de investigação científica, que implicam a condução de mais de 600 experimentos de campo espalhados por todo o Estado, trabalho realizado em estações experimentais próprias e também em parcerias com cooperativas, associações de produtores, universidades e outros centros de pesquisa.

POTENCIALIZAR - Ortigara ressaltou o trabalho do conselho de administração do Iapar, que está se mobilizando para trabalhar com empresas da iniciativa privada para potencializar ainda mais os resultados da pesquisa agronômica. “Em um estado onde mais de 80% dos municípios são altamente dependentes da agricultura, é inteligente desenvolver esse tipo de parceria para o órgão continuar contribuindo cada mais com a elevação de renda do agricultor, com a dignidade no campo e com a criação de mais empregos na agroindústria paranaense”, afirmou.

RECONHECIMENTO - Para o diretor presidente do Iapar, Florindo Dalberto, a homenagem da Assembleia Legislativa representa o reconhecimento de uma trajetória de resultados. A agricultura paranaense, disse ele, passou por grandes transformações qualitativas, saindo do cabo da enxada para uma plataforma de tecnologia, que permitiu o avanço para a elevada produtividade na produção de alimentos.

“É importante que a sociedade reconheça esse trabalho e que saiba que estamos frente a novos desafios como a sustentabilidade, inclusão das pessoas no campo, manutenção da capacidade produtiva e tudo o que contribui para ajudar o agronegócio a avançar na questão do conhecimento e da inovação tecnologica”, disse Dalberto.

A homenagem ao Iapar foi acompanhada pelos deputados Tercilio Turini, Fernando Scanava, Rasca Rodrigues, pelo secretário presidente da Cohapar, Abelardo Lupion; pelo presidente do Detran-PR, Marcos Traad, e por dirigentes da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Paraná (Fetaep), empresas vinculadas à Secretaria da Agricultura e Abastecimento e núcleos regionais.

PALESTRA E HOMENAGENS - A sessão na Assembleia Legislativa contou com a participação do engenheiro agrônomo Francisco Graziano Neto, o Xico Graziano, que fez uma palestra sobre “O Desafio da Pesquisa Pública Agropecuária no Século XXI”. Ele destacou as potencialidades na fronteira do conhecimento que podem e devem ser aplicadas nas atividades diárias do agronegócio.

Graziano foi deputado federal, duas vezes secretário (meio ambiente e agricultura) no Estado de São Paulo, presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e chefe de gabinete do presidente Fernando Henrique Cardoso. Escreveu oito livros sobre agricultura, questão agrária, sustentabilidade e democracia. É articulista do jornal O Estado de S. Paulo e responsável pelo site Observador Político.

Após a palestra, foi firmado um termo de parceria entre o Iapar e a empresa paulista Agrusdata, de internet. Para o diretor de inovação do Iapar Tadeu Felismino, essa parceria representa o início de uma rede de agroinovação, que irá facilitar o reposicionamento do Iapar.

Houve também o lançamento do livro, “Erosão no Estado do Paraná”, com resultados de estudos conduzidos pelos pesquisadores do Iapar Gustavo Merten, Augusto Guilherme de Araújo e Graziela Barbosa. A obra faz uma compilação dos resultados de pesquisas do Iapar sobre as perdas de solo ocorridas no Paraná, por erosão, entre 1976 e 1998.

HISTÓRIA - O Iapar foi criado em 29 de junho de 1972, após mobilização e esforço de técnicos, produtores e lideranças políticas e empresariais ligadas à agropecuária, como a Sociedade Rural do Paraná, Associação dos Engenheiros e Agrônomos e lideranças como Celso Garcia Cid, João Milanez, Horácio Coimbra, Francisco Sciarra, entre outros.

O setor produtivo e a própria sociedade perceberam que a monocultura cafeeira chegava ao fim e era urgente diversificar e modernizar a agricultura. O projeto de instalação de um centro de pesquisas paranaense foi viabilizado com recursos do tesouro estatual, com apoio do extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC) e da Organização Internacional do Café (OIC).

Hoje, o Iapar é uma instituição consolidada, respeitada no setor produtivo e no meio científico nacional e internacional. De seus laboratórios e campos experimentais saíram inúmeras informações e tecnologias que contribuíram para moldar a agricultura altamente eficiente que se pratica no Paraná. “Sabemos que a manutenção do protagonismo se faz com atualização permanente. O desafio atual é ampliar a presença do Iapar em todas as regiões do Estado, bem como incrementar a colaboração com parceiros públicos e privados” destacou o presidente do Instituto, Florindo Dalberto.

CONQUISTAS - Justamente no ano em que completa 44 anos o Iapar entregou aos produtores sua 200ª cultivar, o feijão carioca IPR Celeiro, que tem resistência ao vírus do mosaico dourado, uma das mais graves doenças que afetam a cultura no País.

Em pouco mais de 40 anos, desenvolveu cerca de 200 cultivares, um feito extraordinário, assim como a obtenção de uma cultivar resistente ao mosaico dourado sem o uso da transgenia.

Por esse desempenho, em 2009 o Serviço Nacional de Proteção de Cultivares do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento homenageou o Iapar como o órgão estadual de pesquisa com maior número de cultivares protegidas em um período de 10 anos. Ainda no campo do melhoramento genético, o Iapar é pioneiro em variedades de maçã para regiões de inverno ameno, como o Norte do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e até Bahia.

O pioneirismo também está presente na citricultura. Estudos desenvolvidos na instituição viabilizaram a convivência com o cancro cítrico e possibilitaram a inserção do Paraná no mapa da produção nacional dessas frutas.

Na pecuária, o Iapar desenvolveu a primeira raça totalmente paranaense. O Purunã é um bovino composto formado a partir de quatro raças (Caracu, Charolês, Canchim e Aberdeen Angus) para a produção de carne com baixo custo em reduzido tempo de abate.

Tendo desde os primeiros projetos a vertente conservacionista na pauta de pesquisas, o Iapar foi um dos precursores em estudos sobre plantio direto, e, também, na busca de uma agricultura menos agressiva ao meio ambiente por meio da diversificação de cultivos e do manejo integrado de pragas, doenças e plantas invasoras, uma das bases para a agricultura orgânica, tema que a instituição também antecipou e hoje é uma realidade no Paraná.

DIFUSÃO DE TECNOLOGIAS - O conhecimento gerado pelo Iapar resultou em mais de 500 publicações, entre livros, manuais, boletins técnicos e informes de pesquisa, numa média de uma publicação por mês desde 1975. Várias dessas obras são referências nacionais para a prática da agricultura.

O Iapar tem sede em Londrina e está presente em todo o Paraná, com cinco Polos Regionais (Curitiba, Ponta Grossa, Paranavaí, Pato Branco e Santa Tereza do Oeste), 19 fazendas experimentais, 25 laboratórios de diferentes áreas de especialidade e 18 estações agrometeorológicas - também utiliza dados de outras 37 estações do Simepar..

A instituição conta com cerca de 600 funcionários, sendo 109 pesquisadores, 53 mestres e 56 doutores. Há ainda outros 700 colaboradores temporários, entre trabalhadores terceirizados, voluntários, bolsistas e estagiários.

Saiba mais sobre o trabalho do Governo do Estado em:
http:///www.facebook.com/governopr e www.pr.gov.br

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