Pesquisas com abelhas nativas podem abriros mercados para a meliponicultura 17/06/2016 - 15:30
Novas pesquisas sobre os padrões produtivos das abelhas nativas, as condições de desenvolvimento das colméias e análises comparativas da qualidade do mel podem ajudar a alavancar a Meliponicultura no Paraná. Os trabalhos foram apresentados durante Reunião da Câmara Técnica realizada na Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, na última semana. Durante a reunião foi eleito o farmacêutico Renato Rau como novo gerente e o agrônomo Humberto Bernardes Júnior reeleito como secretario executivo.
O mel produzido pelas abelhas nativas, também conhecidas como abelhas sem ferrão é um produto diferenciado pelo seu potencial funcional, mas os produtores ainda enfrentam dificuldades para sua comercialização. “Temos grandes desafios pela frente com relação a legislação, criação e manejo, e valorização das abelhas como polinizadores para melhoria do meio ambiente,”destaca Rau.
Segundo Humberto Bernardes, as pesquisas são muito importantes para a regulamentação da Meliponicultura, porque faltam comprovações científicas que permitam que a atividade seja economicamente viável e que o produto tenha a segurança alimentar. “A criação,manejo e comércio das abelhas nativas precisam estar regulamentados para que se tenha assegurada a preservação destes importantes insetos responsáveis pela polinização das plantas”.
No Paraná existem aproximadamente 35 espécies de abelhas sem ferrão, mas apenas 15 tem potencial para produção de mel. Estima-se que existam mais de 5 mil produtores espalhados pelas diversas regiões do Estado. Segundo Renato Rau, os números com relação a atividade são escassos devido à falta de regulamentação e clandestinidade da produção de mel.
Pesquisas
Duas pesquisas estão sendo desenvolvidas na Universidade Federal do Paraná. A engenheira de Alimentos Suelen Ávila, está pesquisando os parâmetros de qualidade do mel das abelhas sem ferrão, seu potencial terapêutico, assim como a vida útil do mel, sua adequação para consumo in natura e níveis de contaminação. Ela trabalha com as espécies mandaçaia, manduri, guaraipo e tubuna. Já a zootecnista Katia Regina Ostrovski Tomporoski, do Programa de Pós Graduação em Zootecnia da UFPR está avaliando o desenvolvimento de colméias da espécie mandaçaia para conhecer o desenvolvimento físico e obter a relação entre produção de mel e ambiente. O objetivo é contribuir para um melhor desempenho na criação e multiplicação de enxames com vistas a conservação da espécie.
A mestranda Agatha Silva Botelho, também da UFPR está realizando uma análise comparativa do mel submetida a dois tipos diferentes de beneficiamento: pasteurização e maturação. E na Universidade Estadual de Maringá a doutoranda Rejane Stubs Parpinelli, do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UEM verifica a qualidade microbiológica e caracterização físico-química de amostras de mel em seis regiões do Estado.
Foi discutido ainda na reunião a tramitação do Projeto de Lei 225/2016 do deputado Raska Rodrigues que dispõe sobre a criação, o manejo, o comércio e o transporte de abelhas sociais nativas no Paraná. Já o regulamento técnico para comercialização do mel está tramitando na Gerência de Inspeção de Produtos de Origem Animal na Adapar e em breve deve sair a portaria,informa Humberto Bernardes.
Homenagem
O professor aposentado e geneticista Harold Brant foi homenageado durante a reunião e recebeu o Diploma de Mérito Preservacionista, em reconhecimento ao importante trabalho realizado pelo desenvolvimento da Meliponicultura no Paraná.