Produtores paranaenses ganham prêmios e abrem novos mercados na Semana Internacional do Café 10/11/2025 - 10:55
O café do Paraná foi premiado na Semana internacional do Café (SIC), realizada em Belo Horizonte-MG, entre 5 e 7 de novembro. Um casal de produtores de Pinhalão conquistou o terceiro lugar na categoria natural e o quarto na categoria cereja descascado, no Concurso Nacional Yara, realizado durante o evento mineiro. Em três dias, o evento movimentou cerca de R$ 150 milhões em negócios.
A cafeicultora Sirlene dos Santos Souza e o marido dela, Pedro Alves de Souza, foram selecionados para participar do concurso nacional porque foram campeões na última edição da Ficafé em Jacarezinho. O reconhecimento nacional é motivo de muita alegria para o casal de produtores. “Isso nos incentiva a cada vez mais trabalhar com amor e dedicação, sempre respeitando o meio ambiente”, disse Sirlene.
Além de agregar renda à família, o cultivo de café também ajuda a fixar os jovens no campo. “Fico feliz por ter meu filho nos ajudando e termos a sucessão do nosso trabalho, com mesmo amor e dedicação que meu esposo e eu temos pela cafeicultura”, ressaltou.
Sirlene credita o sucesso dela à participação no projeto Mulheres do café, executado pelo IDR-Paraná. “O IDR-Paraná me orientou com assistência técnica, com cursos e na hora da venda do café. E com isso, ganhei vários concursos, agregando mais valor ao nosso produto final, mudando a vida financeira da minha família, e aumentando minha autoestima por ter meu trabalho reconhecido. Eu fico muito emocionada de falar do café. O café faz parte da minha vida e da minha família.”.
Durante o evento, o diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Natalino Avance de Souza, destacou a importância das ações voltadas ao fortalecimento da agricultura familiar e à valorização das produções locais. Segundo ele, “esse é um esforço do governo do estado e da Secretaria de Agricultura para promover um produto que ainda é muito importante para a economia dos pequenos agricultores do nosso estado”.
Para o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Marcio Nunes, que participou da abertura do evento, melhorar a renda e a qualidade de vida nos pequenos agricultores familiares foi o foco principal da participação do Paraná na Feira. “O café hoje está nas mãos dos pequenos produtores rurais e a nossa missão é melhorar a renda do produtor rural. Por isso, nós viemos aqui na Semana Internacional do café. Para promover negócios e vender nosso café. De BH, o Paraná para o mundo”, afirmou Marcio Nunes.
ESTANDE - Para divulgar os cafés do estado de forma técnica e sensorial, o governo do estado montou um estande com degustações para a avaliação profissional dos cafés paranaenses, destacando aroma, sabor e corpo da bebida. Um barista residente torrou e preparou cafés especiais durante todo o evento. Em cada dia da feira, foram promovidos dois cuppings (degustações) de cafés paranaenses. Na quarta-feira, os visitantes puderam provar a bebida preparada com cultivares desenvolvidas pelo IDR-Paraná e ainda os cafés do projeto Café das mulheres. Na quinta-feira, o primeiro cupping apresentou aos visitantes duas bebidas que já têm Indicação Geográfica (IG): os Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná e o Café de Mandaguari. Na parte da tarde, foi a vez de mostrar os melhores cafés da Ficafé, uma feira nacional realizada em Jacarezinho, no Norte Pioneiro. Na sexta-feira, foram feitas degustações dos vencedores do Prêmio Qualidade Café Paraná e ainda dos cafés da região do Vale do Ivaí. Além disso, os produtores paranaenses puderam divulgar suas marcas próprias para visitantes de várias partes do mundo.
PRODUTORES - José Adalto de Oliveira é de Carlópolis. Ele produz café próximo ao rio Paranapanema e a represas da região. O local tem um microclima que confere uma identidade única ao produto, influenciando seu sabor, aroma e qualidade final. Há cinco anos realizou o sonho de lançar a marca própria com o nome da cidade. José Adalto agradeceu a oportunidade de estar no estande do Paraná na feira. “A SIC é uma vitrine para aumentar a nossa visibilidade para todo um pessoal formador de opinião que passa por aqui e que vai conhecer o potencial que o Paraná tem no item de produzir cafés especiais”, afirmou.
Guiherme Fiorucci é a terceira geração da família trabalhando com café. Tudo começou com a produção familiar do avô e passou pelo pai dele, que produzia cafés tradicionais para vender na mercearia da família em Jandaia do Sul. Depois de uma chuva de pedra, eles fizeram alterações na lavoura para poder colher com máquina e melhorar a qualidade, trazendo culturas que favoreciam a parte de paladar e peneira de café. Hoje, Guilherme produz um café cereja descascado que leva a marca da família e também uma cerveja com o grão. Pela primeira vez na feira mineira, ele ficou surpreso com o fato de que muitos visitantes achavam que o Paraná nem produzia mais café depois da geada de 1975. Para ele, foi importante participar da SIC para mostrar que o Paraná não apenas produz, mas o faz com qualidade. “Tem muitos cafés paranaenses aqui com sensoriais ótimos. O nosso café tem um corpo gostoso, um retrogosto que deixa um sensorial na boca marcante. O pessoal está aprovando, está achando diferente. E com isso também, a gente valoriza a nossa região e fortalece os pequenos produtores do estado”, destacou.
Evilásio Mori também é da terceira geração de cafeicultores. Engenheiro agrônomo, ele assumiu a propriedade da família em Cambira após o falecimento do pai em 2012 e a partir desse momento, passou a estudar como produzir cafés especiais. “Foi então que eu comecei a participar dos concursos promovidos e obtive algumas premiações. Aí com a ajuda da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) do IDR-Paraná desenvolvi a marca Mori, há dez anos”. Evilásio, que já chegou a exportar microlotes de sua produção para a Espanha, espera reabrir esses canais de exportação. “O governo do Paraná nos contemplou com um estande muito bem apresentado aqui na SIC, que está possibilitando o contato com produtores que vêm trocar conhecimento, cafeterias, e pessoas interessadas em importar nosso café para países da Europa, como Bélgica e Alemanha, e também asiáticos, como Japão e Coreia”, afirma. “Acredito que esse será um impulsionamento para a gente ter um novo ciclo do café no Paraná. Espero contar com a Seab e o IDR-Paraná para que no ano que vem nós estejamos aqui com ainda mais produtores e com mais garra pra gente continuar trabalhando com o café”, reforçou Evilásio.














