Reunião de prefeitos e Secretaria da Agricultura em
Capanema, tentam solução para frigorífico Diplomata
15/01/2013 - 15:50

O encontro, convocado pela prefeita de Capanema Lindamir Denardim, contou com a presença do deputado federal Alfredo Kaefer, proprietário do frigorífico Diplomata. Os prefeitos da Sudoeste estão preocupados com a queda de arrecadação com a possibilidade de encerramento das atividades da empresa na região.
Norberto Ortigara descartou a possibilidade de o governo do Estado socorrer a empresa com recursos públicos ou mesmo com fundo de aval. De acordo com o secretário, o governo quer ajudar e está sensível ao drama social criado com a inadimplência do Diplomata, mas quer credibilidade e confiança nas propostas apresentadas.
“O governo acompanha a situação com cautela e atenção, considerando que uma decisão de ajudar a empresa, precisa ser precedida de uma análise minuciosa da real situação de todas as contas. É pré-requisito a transparência total das contas da Diplomata, o que até hoje ainda não sabemos, não conhecemos a situação real das suas contas”, afirmou.
Por sua vez Alfredo Kaefer solicitou o apoio do governo por meio de um fundo de aval para que ele possa levantar em torno de R$ 30 milhões para reativar os aviários no campo.
Ortigara disse que vai levar esse pleito para discussão para que o governo do Estado pondere e analise a possibilidade de alguma forma de viabilização do capital do giro, no curtíssimo prazo, se possível ainda esta semana. A alternativa que segue é liberar os avicultores para que migrem para outras empresas integradas. O problema maior ficaria com os funcionários dos frigoríficos que estão com salários atrasados desde o final do ano passado.
Ortigara disse na reunião que já tentou uma solução com grupos privados para assumir a Diplomata, mas sem resultados viáveis. “Nenhuma empresa se dispõe a colocar dinheiro bom só para amenizar um drama social”, afirmou. E os grupos procurados disseram que preferem instalar uma empresa nova, com mais eficiência, do que assumir um grupo em andamento com dívidas.
Para o secretário é fundamental que a reunião de credores do frigorífico Diplomata, marcada para o dia 31 de janeiro, defina o tamanho da dívida da empresa. “Muitos falam em somas vultuosas de R$ 150 milhões a R$ 600 milhões”. Porém, sem a definição dos credores tudo não passa de especulação, disse.
Insolvência
O frigorífico Diplomata, de propriedade do deputado federal Alfredo Kaefer, tem unidades em Capanema, Cascavel, Mandirituba, Londrina e Xaxim (SC). Em Capanema, são 200 aviários e 800 funcionários que estão sem atividades desde o ano passado. A prefeita Lindamir está preocupada com a queda de arrecadação, que permite à prefeitura fazer os investimentos na cidade.
Denardim estima que sem o retorno de ICMS do frigorífico a prefeitura terá arrecadação apenas para manter os funcionários públicos, nada mais, disse. Os prefeitos das cidades do entorno como Pérola D'Oeste, Salto do Lontra, Capitão Leônidas Marques, Realeza, Ampére, Bom Jeus do Sul estão na mesma situação.
Kaefer relatou que sua empresa entrou em dificuldades a partir da crise mundial financeira em 2008, com a perda de contratos de exportação. Disse que foi ao sistema financeiro para solicitar crédito mas não obteve o que precisava e desde então não conseguiu o equilíbrio da Diplomata para honrar seus compromissos junto a credores e produtores.
Além da falta de crédito, o empresário atribuiu a situação de insolvência de sua empresa à reação do câmbio no ano passado. Segundo ele, os recursos tomados com base no dólar a R$ 1,60 foram vencendo com o dólar valendo R$ 2,52, “o que elevou o valor das suas dívidas em cerca de 60%.
“Todos os bancos retiraram o apoio, com a imposição de condições leoninas para renovação dos contratos e a crise de desconfiança que se seguiu dificultou tocar o negócio”, relatou. Os insumos que comprava a prazo, tiveram que ser pagos à vista e ele não teve o fôlego necessário para manter as atividades para manutenção dos aviários.
Para agravar a situação, no ano passado todas as empresas avícolas passaram por uma crise de custos com a elevação no preço do farelo de soja e do milho, principais insumos utilizados na avicultura, em função da quebra da safra de grãos nos Estados Unidos, Argentina e mesmo em parte do Brasil.
Com isso os grãos tiveram aumento nos preços e as empresas passaram por dificuldades para ajustar os custos de produção. “Porém, a solução foi encontrada ou com o repasse dos aumentos dos insumos ao produto final ou com a fusão de empresas. Sobrou a Diplomata”, lamentou o secretário Norberto Ortigara.
O empresário disse que tentou várias soluções, entre elas a imobilização de patrimônio pessoal em troca de sacas de milho. E como última tentativa recorreu ao processo de recuperação judicial que segundo ele foi a pior coisa que fez. A Justiça destituiu a diretoria da empresa e bloqueou cerca de R$ 7 milhões que estavam reservados para pagamento de pessoal.
Kaefer lamentou a decisão da Justiça, que segundo ele, interrompeu os projetos de expansão da empresa. “Mesmo com as dificuldades, apostamos na recuperação do equilíbrio financeiro”, disse. Segundo o empresário, ele iniciou as atividades em 1996 com abate de 15 mil frangos por dia e atingiu, no seu auge, abates de 130 mil frangos por dia, 1200 funcionários e 600 produtores integrados. “Ajudamos a escrever a história de Capanema e do Sudoeste com muitos ganhos”, acrescentou.
Para Kaefer, a crise que atingiu sua empresa em nada difere da que atingiu empresas como Sadia e Perdigão, que tiveram acesso a crédito e puderam reequilibrar suas contas com a fusão das duas empresas.

