Revolução agrícola: Dia Nacional do Plantio Direto é comemorado em Mauá da Serra 23/10/2024 - 13:46
Marco de uma das maiores revoluções agrícolas, que teve a introdução no território brasileiro a partir do Paraná em 1972, o sistema de plantio direto é comemorado neste 23 de outubro, que desde o ano passado foi declarado como Dia Nacional do Plantio Direto. A data foi lembrada em evento no Salão de Eventos Holandesa, em Mauá da Serra, na região Norte do Paraná, onde a técnica foi implantada em 1974.
"Foi aqui no Paraná que nasceu o programa de microbacia, foi aqui que nasceram os programas de conservação de solos, foi aqui que nasceu o plantio direto, se hoje somos o supermercado do mundo, isso se deve às inovações implantadas pelos nossos produtores, aos arranjos produtivos realizados", disse o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Natalino Avance de Souza.
"O plantio direto é patrimônio do Paraná e o Paraná tem compromisso de zelar por isso" reforçou o secretário. "Queremos continuar sendo o Estado mais sustentável do Brasil e queremos fazer isso garantindo competitividade para o nosso agricultor."
SISTEMA - O plantio direto foi trazido ao Paraná pelo agricultor Herbert Bartz. Depois de observar chuvas fortes varrerem o cultivo que tinha em Rolândia, ele foi à procura de solução. Encontrou durante viagens internacionais a técnica de plantio sobre palhadas. De volta ao Brasil, experimentou e saiu em peregrinação para difundir.
Cerca de 45 milhões de hectares utilizam o plantio direto atualmente no Brasil, de acordo com a Federação Brasileira do Plantio Direto. "Mas ainda há muita área sendo incorporada, o sistema plantio direto está em construção permanente e temos a responsabilidade de construir o futuro pelos próximos 50 anos", salientou o presidente da entidade, Jônadan Ma.
No início, o objetivo era apenas eliminar a aração e a gradagem do solo, atividades comuns em cada ciclo de plantio e que, por serem superintensivas, propiciavam a degradação do solo e a erosão. A evolução da técnica está levando à implantação do Sistema Plantio Direto.
"Junto com o melhoramento genético, o plantio direto foi a grande revolução, mas continua desafiador transformar em sistema de plantio direto", afirmou. Além do minimo revolvimento do solo, o sistema comporta a manutenção de cobertura de palha que, após a decomposição, aumenta a matéria orgânica, reduz a erosão e facilita a infiltração de água no solo, e a rotação e diversificação de culturas, reduzindo impactos ambientais, incidência de doenças e pragas e inibindo aparecimento de ervas daninhas.
Para o produtor significa economia de recursos, maior eficiência e eficácia, além da sustentabilidade ambiental e produtiva. Segundo o presidente interino da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Eduardo Meneghetti, mais de 90% das lavouras paranaenses utilizam o sistema. "A técnica é fundamental para preservação do solo e dos recursos hídricos, e Mauá da Sera é exemplo da transformação de nossa agricultura", disse.
Para a chefe de Inovação e Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, Carina Rufino, as comemorações do plantio direto são importantes. "Foi uma transformação que criou um modelo único de agricultura no mundo", afirmou. "Estamos sequestrando carbono e preparando o Brasil para nova fase de agregação de valor na agricultura."
MUSEU - O Sistema Plantio Direto é preservado não apenas nas centenas de propriedades que aplicam as técnicas pelo Brasil e pelo mundo, mas também no Museu do Plantio Direto, em Mauá da Serra. O espaço de 600 metros quadrados abriga dezenas de fotos e equipamentos. A ideia do museu está completando 20 anos, embora ele tenha sido inaugurado em 2012.
Entre as raridades está a primeira plantadeira utilizada no Brasil com essa finalidade. É uma Allis Clamers, de 1972, importada dos Estados Unidos. O museu está aberto à visitação de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas, com entrada gratuita. Fica na Rua Catarina Aires da Silva, s/n.
ESTRADA - O prefeito de Mauá da Serra, Hermes Wicthoff, aproveitou a solenidade para anunciar a assinatura do contrato de pavimentação de estrada rural no município. As pedras irregulares vão cobrir 5 quilômetros da Estrada Colônia Novo Oriente. O investimento total é de pouco mais de R$ 3,1 milhões, dos quais R$ 2,6 milhões são do Estado.