Sericicultoras premiadas pelo Governo do Paraná embarcam para a França 19/11/2025 - 13:52
Uma mistura de ansiedade, curiosidade e alegria tomou conta do saguão do aeroporto Afonso Pena na manhã desta quarta-feira (19). Eram os sentimentos vividos pelas sericicultoras paranaenses Diovane Plep Machado Moro e Maria Rosa Pires de Sousa. As duas embarcaram hoje para a viagem mais importante da vida delas, que ganharam como prêmio pela participação no Concurso Seda Paraná, promovido em agosto pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento e o Gabinete da Primeira-Dama, no Palácio Iguaçu.
A ideia do concurso veio de uma viagem que a primeira-dama Luciana Saito Massa fez em 2019 para a França. “Tive a oportunidade de visitar o Festival da Seda e, ao ver de perto esse trabalho, pensei que as produtoras paranaenses também deveriam participar desse evento. Porque é o trabalho diário delas que faz com que a seda do Paraná seja transformada em verdadeiras obras de arte. É um orgulho ver que as mulheres estão à frente dessa produção”, disse a primeira-dama.
Para o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Marcio Nunes, o projeto é fundamental porque com a melhora da qualidade da seda, o produto pode conquistar novos mercados em todo o mundo e com alto valor agregado. “A principal característica desse concurso é dar visibilidade a esse setor tão importante da economia paranaense, principalmente porque a produção da amora e do bicho-da-seda é feita por pequenos produtores, que moram e produzem em sua propriedade e que têm a possibilidade de ter uma renda melhor”, destacou o secretário.
Foi justamente essa qualidade na produção que levou as duas produtoras a representar o Paraná no Festival da Seda de Lyon, um dos principais eventos mundiais do setor. A “Silk in Lyon” acontece de amanhã até domingo na cidade francesa. “Eu estou muito emocionada, muito ansiosa, muito feliz. Agradeço de coração por essa oportunidade” afirmou Diovane, primeira colocada no concurso. Maria Rosa, que ficou no segundo lugar também era só alegria. “Eu estou feliz. Quero aproveitar cada minuto que tiver lá, né? E com o coração saindo pela boca para ver se eu vou gostar ou não de andar de avião, qual a sensação”. Quanto a isso, Diovane estava tranquila. “Vamos ver na hora que entrar lá e que ele começar a subir, o friozinho na barriga. Mas acho que vai ser tranquilo”, afirmou.
Outro sentimento vivido pelas duas é a saudade que já sentem dos filhos. Diovane deixou David, de treze anos e Dionatan, de quatro, com a avó paterna, que mora ao lado dela em Palmital, na região centro-sul do estado. Os pais dela também vão ajudar a cuidar dos meninos, já que o marido Adriano vai acompanhá-la na viagem. Ele conta que a família começou graças à sericicultura. “Eu já trabalhava nisso com meus pais e a Diovane, com o pai dela. Aí um dia a gente se encontrou na Bratac (indústria de fiação da seda) e começou a namorar. Casamos e há treze anos produzimos juntos na nossa propriedade”, disse ele. Maria Rosa também produz junto com o marido na propriedade deles em Godoy Moreira, na região centro-oeste. Como estão com a produção a todo vapor e têm criação, o Hélio ficou cuidando da propriedade e do filho Rafael, de doze anos. Quem vai com ela é a vizinha Léia, que também é sericicultora. E o bebê que a Maria Rosa está esperando há quinze semanas.
Além da participação no Festival da Seda de Lyon, Diovane e Maria Rosa vão fazer uma visita ao atelier da grife Hermès e à tecelagem industrial onde o fio produzido aqui no Paraná é transformado em itens de luxo como roupas, lenços, gravatas e lençóis. “Quero aprender muita coisa lá, como é que faz a seda, as roupas todas”, afirmou Maria Rosa. “Estou curiosa para ver como é, como funciona. Quero trazer ideias novas e compartilhar com os outros produtores aquilo que eu aprender. Acho que vai ser muito importante para mim e vai ficar para o resto da minha vida”, compartilhou Diovane.
Elas também vão conhecer o museu da história da seda de Lyon e o mercado gastronômico da cidade. O roteiro na cidade francesa foi elaborado pela diretoria de relações internacionais institucionais da Invest Paraná, que também ajudou a Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento a elaborar os editais necessários para tornar tudo isso possível. “A gente acompanhou todas as fases do processo. Trabalhamos bastante nisso e a gente fica muito feliz que elas finalmente vão lá conhecer a feira, afirmou Gianna Cirio, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab. A Fomento Paraná também fez sua parte, fornecendo as roupas de frio que elas vão precisar para enfrentar o inverno na França, que nessa época tem temperaturas próximas de zero grau.
O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) também tem participação ativa no sucesso da sericicultura no estado. “Nós abrangemos toda a cadeia produtiva, menos na parte da indústria. Mas da porteira para dentro a gente atua na questão do solo, da planta e do animal dentro do barracão. Também trabalhamos na organização dos produtores em associações e em políticas públicas. Esse ano nós fizemos um projeto de fomento para ajudar produtores que foram prejudicados por mortalidade de lagartas, que liberou cerca de R$ 1 milhão para os sericicultores“, afirmou José Francisco Lopes, assessor estadual da Sericicultura do IDR-Paraná.
O objetivo da viagem é proporcionar para as produtoras uma imersão no mundo da seda, mostrando como o trabalho delas se conecta com a indústria da moda de luxo internacional. Para Maria Rosa, a premiação inspira todas as mulheres que atuam no campo. “É um incentivo para mais agricultoras não desistirem, que um dia chega o dia delas, assim como o meu chegou. Demora mas chega”. A opinião dela é compartilhada por Diovane. “Vai incentivar as outras mulheres produtoras para que elas continuem firmes também, não desanimem, que um dia elas podem ter essa mesma oportunidade que nós estamos tendo agora”, finalizou ela.










