NEOSSOLOS LITÓLICOS DO SUBPLANALTO CASCAVEL – Características e potencial de uso.

Gustavo Ribas Curcio1; Annete Bonnet2, Maurício Kacharouski3

 

                                                                           

Neossolos Litólicos são solos minerais, não hidromórficos, que possuem o mais baixo grau de desenvolvimento pedogenético. Por esta razão possui sequenciamento de horizontes muito simplificado, distribuído em pequenas profundidades. A característica peculiar desta classe é a de possuir o horizonte A diretamente sobre rocha (Figura 1), ou ainda sobre horizonte C ou Cr (Figura 2).

Figura 1 - Neossolo Litólico com contato lítico.
Figura 1 - Neossolo Litólico com contato lítico.

 

Figura 2 - Neossolo Litólico contato fragmentário.
Figura 2 - Neossolo Litólico contato fragmentário.
 

Estas possibilidades sequenciais têm em comum, em caráter obrigatório, a presença do “contato lítico” dentro de 50 cm da superfície do solo. O contato lítico refere-se, dominantemente, a presença de rochas preservadas (R) ou muito pouco alteradas (RCr), as quais barram a infiltração de água, além de impedir o crescimento de raízes. Todavia, vale citar que este contato pode ser do tipo fragmentário, ou seja, tem-se a presença da rocha dura, porém fragmentada devido à planos de fraqueza desta (fraturas, diaclasamento, xistosidade etc). Este tipo de contato, embora minimamente, possibilita trocas gasosas, bem como baixas taxas de infiltração de água e raízes.

Em razão do contato lítico estar presente em pequenas profundidades, os Neossolos Litólicos determinam maior fragilidade ambiental do que os Neossolos Regolíticos. Deve ser lembrado que estes ocorrem, em sua grande maioria, associados àqueles (Figura 3), tendo-se o percentual de inclusão do Neossolo Litólico maior quanto maiores forem as declividades.

 

Figura 3 - Relevo com Neossolo Regolítico e Neossolo Litólico.
Figura 3 - Relevo com Neossolo Regolítico e Neossolo Litólico.

 

 

No subplanalto de Cascavel os levantamentos executados pelo PronaSolos Paraná identificaram a presença destes solos em paisagens mais movimentadas, constituídas por relevos de alta declividade (forte ondulado – 20 a 45% e montanhoso – 46 a 70%). Estes relevos vigorosos encontram-se em vales de rios de maior envergadura, onde predominam feições patamarizadas, a exemplo do rio Toledo, entre outros.

Porquanto, generalizadamente, possuam alta saturação por bases (eutróficos), o que os tornariam aptos para o uso, as expressivas declividades e as mínimas espessuras proporcionam elevada suscetibilidade à erosão, direcionando-os para a preservação ambiental.

Ao encontro desta proposta há ainda algumas características que ratificam este direcionamento, tais como, textura mais leve (média) com presença de pedregosidade (calhaus – 2 – 20 cm; matacões – 20 a 100 cm) e não raramente, rochosidade (maior que 100 cm). Estas frações estabelecem forte restrição à mecanização agrícola (Figura 4), além de prover menores quantidades de água disponível para as plantas. Esta condição associada às pequenas espessuras, determinam maior possibilidade de ressecamento do solo.

 

Figura 4 - Neossolo Litólico, forte restrição à mecanização.
Figura 4 - Neossolo Litólico, forte restrição à mecanização.

 

 

Devido aos expressivos processos erosivos a que foram e ainda estão submetidos, até o momento, foram identificados com predomínio do horizonte A do tipo moderado, sob pastagens com pequeno grau de desenvolvimento e com baixo grau de recobrimento do solo, agravando a situação ambiental.

Como ocorrem intimamente associados aos Neossolos Regolíticos ainda é admissível que possam ser usados com pastagem em condições de relevo forte ondulado, porém sob critérios rigorosos de manejo. Por outro lado, devem ser poupados dos usos com pecuária e agricultura em relevos mais dissecados (montanhoso e escarpado), fato ainda comumente observado.

 

1 – Pesquisador da Embrapa Florestas – gustavo.curcio@embrapa.br

2 – Pesquisadora da Embrapa Florestas – annete.bonnet@embrapa.br

3 – Técnico do PronaSolos Paraná – mkacharouski@gmail.com.br

  • Figura 1 - Neossolo Litólico com contato lítico
    Figura 2 - Neossolo Litólico contato fragmentário
    Figura 3 - Relevo com Neossolo Regolítico e Neossolo Litólico
    Figura 4 - Neossolo Litólico, forte restrição à mecanização
    Figura 1 - Neossolo Litólico com contato lítico
    Figura 2 - Neossolo Litólico contato fragmentário
    Figura 3 - Relevo com Neossolo Regolítico e Neossolo Litólico
    Figura 4 - Neossolo Litólico, forte restrição à mecanização