Aliança Láctea Sul Brasileira discute incentivo à exportação 06/10/2022 - 15:22
A proposta de criação de um Programa de Incentivo às Exportações de Lácteos começou a ser discutida nesta quinta-feira (06), em reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira, que reúne representantes dos governos e de entidades dos produtores e de indústrias do leite dos três estados do Sul. O encontro foi feito de forma presencial, em Curitiba, e transmitido online, com a participação de pelo menos 60 pessoas.
“Precisamos potencializar cada vez mais a cadeia do leite com suporte de pesquisa, com avanço nos mecanismos de redução de custos, com uma infraestrutura mais barata e com o desenvolvimento de produtos mais elaborados, agregando valor, pois nosso desafio é produzir para vender”, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara.
Ele reconheceu as dificuldades, em razão de crise hídrica, questões sanitárias e custos elevados, mas salientou que, ainda assim, há investimentos no setor. No Paraná, a Piracanjuba constrói fábrica em São Jorge d´Oeste, com capacidade de processar até 2 milhões de litros por dia, enquanto a Unium – formada pelas cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal – constrói outra entre Ponta Grossa e Carambeí, com previsão inicial de beneficiar até 800 mil litros por dia.
SANIDADE - O secretário adjunto da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul, Rodrigo Ramos Rizzo, destacou que a exportação é o caminho possível e viável para reduzir as dificuldades do setor leiteiro. “Os três estados subiram a régua e estão com a mesma condição sanitária em relação à febre aftosa, e tratamos com seriedade o problema da brucelose e da tuberculose”, disse. “Com esse trabalho, nós temos condições de competir e entregar um produto de altíssima qualidade para o mundo.”
A diretora de Qualidade e Defesa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural de Santa Catarina, Daniela Carneiro, informou sobre o 1.º Seminário Internacional de Brucelose e Tuberculose, que se realiza em Florianópolis. “Os três estados do Sul estão sendo citados como modelo e referência por terem as menores prevalências das doenças no País”, salientou. “Precisamos avançar mais e discutir a erradicação, porque para abrir mercado precisamos ter, além da qualidade, a sanidade, que impacta na produtividade. A sanidade é exigência dos países importadores.”
QUALIDADE - A coordenadora da Comissão do Leite da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, Márcia Mueller, acentuou que o setor vive um “momento muito delicado”. “Ao longo do tempo lutamos por uma melhoria de preços, mas fomos surpreendidos por uma redução, o que tem feito muitos produtores migrarem para outras atividades”, afirmou. “A grande alternativa é a exportação do leite e somos incansáveis na busca acelerada desse caminho.”
Foi o mesmo tom das palavras do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, José Zeferino Pedroso. Em Santa Catarina, somente 50% da produção é consumida no Estado. “É complicado se não tiver condições de dar uma demanda melhor.” Presidente da Federação da Agricultura do Paraná, Ágide Meneguetti reforçou a necessidade de qualidade. “O consumidor está exigindo mais e esse é o nosso grande desafio”, afirmou.
PRODUÇÃO - Os três estados juntos produzem cerca de 12 bilhões de litros de leite por ano. No Paraná, o leite é o quarto produto em Valor Bruto de Produção (VBP), com movimentação de R$ 9 bilhões em 2021. São mais de 100 mil produtores envolvidos com essa atividade, espalhados pelos 399 municípios. O Estado é o segundo maior produtor do Brasil, com aproximadamente 4,4 bilhões de litros por ano.