Maior produtor de mel no País, Paraná terá seminário de meliponicultura em Prudentópolis 14/11/2025 - 16:23

Neste sábado, 15 de novembro, Prudentópolis será sede do 19º Seminário Paranaense de Meliponicultura. O evento reunirá especialistas, pesquisadores e produtores de abelhas nativas sem ferrão para uma série de palestras e oficinas que envolvem a cadeia do mel. O objetivo é ampliar os conhecimentos dentro da área da meliponicultura, promovendo a geração de renda, a sustentabilidade no campo e o equilíbrio ambiental. A realização é da Câmara Técnica da área, formada pelas associações de produtores, universidades e entidades públicas, entre elas o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná).

Em 2024, um grande encontro foi realizado em Pato Branco (veja fotos abaixo). Já o último seminário de meliponicultura realizado em Prudentópolis foi em 2018. A cidade é a que mais possui propriedades rurais cadastradas com essa cultura na Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). O local do evento será o Centro de Eventos Terra das Cachoeiras Gigantes. A programação é gratuita, necessita inscrição e vai das 8h às 16h30.

O extensionista do IDR-Paraná, Marlon Tiago Hladczuk, explica que a meliponicultura tem uma demanda crescente no mercado. “Vêm melhorando os preços, tanto do mel, como da cera. O pólen da abelha sem ferrão, conhecido como samburá, também vem sendo muito buscado. Isso gera renda ao produtor”, aponta Hladczuk. Segundo ele, há um apoio forte do Governo do Estado para a área. “O IDR-Paraná vem capacitando vinte e cinco técnicos para trabalho dedicado à atividade de apicultura, incluindo a meliponicultura. A busca é por criar uma renda de conexão com outras atividades dentro da propriedade rural, tanto da produção de grãos, como a de frutas, por exemplo. Isso é extremamente importante, incluindo os retornos para o meio ambiente, como a polinização”, destaca o extensionista. 

No Paraná, o programa Coopera Paraná é um dos que têm como foco o apoio para associações e cooperativas da agricultura familiar que trabalham, entre outros produtos, com a cadeia produtiva do mel. O Banco do Agricultor Paranaense também possui uma linha de financiamento específica para quem se dedica ou quer se dedicar à atividade, com absorção integral dos juros pelo Estado para agricultores familiares.

De acordo com a Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE, considerando todas as espécies de abelhas que fazem parte da cadeia da apicultura, em 2024 o Paraná assumiu a liderança na produção de mel com 9,82 mil toneladas, correspondente a 14,6% da produção brasileira, que foi de 67,31 mil toneladas. Na sequência vieram Piauí (8,61 mil toneladas; 12,8%), Rio Grande do Sul (8,06 mil toneladas; 12,0%), Minas Gerais (7,33 mil toneladas; 10,9%) e São Paulo (6,77 mil toneladas; 10,1%). Essa produção gerou uma receita de R$ 180,9 milhões para o Paraná, equivalente a 17,9% do total nacional, que foi de R$ 1,01 bilhão. As informações foram compiladas e analisadas pelo Departamento de Economia Rural  (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

E considerando as transações internacionais, segundo as estatísticas da Comex Stat/MDIC, em 2025 o Estado vem ocupando a terceira colocação na exportação de mel in natura, com 5,57 mil toneladas, o que corresponde a 18,2% do total nacional de 30,65 mil toneladas. De janeiro a outubro desse ano, as exportações já geraram ao Paraná uma receita de US$ 18,64 milhões, e ao Brasil US$ 102,95 milhões. Minas Gerais lidera as exportações com 6,35 mil toneladas (20,7% do total), seguido por Piauí (6,22 mil t; 20,3%), Paraná, Santa Catarina (4,55 mil t; 14,9%) e Ceará (2,48 mil t; 8,1%).

Os Estados Unidos mantêm-se como principal parceiro comercial do Paraná, com 4,6 mil toneladas (82,5% do total), seguido por Canadá (637 t; 11,4%), Alemanha (153 t; 2,7%), Austrália (81 t; 1,5%) e Países Baixos (40 t; 0,7%). Os principais parceiros comerciais do Brasil no acumulado de 2025 são: Estados Unidos (26,17 mil t; 85,4% do total), Canadá (2,35 mil t; 7,7%), Alemanha (831 t; 2,7%), Reino Unido (732 t; 2,4%) e Países Baixos (299 t; 1,0%).

Estabelecimentos agropecuários com apicultura
Segundo o último Censo Agropecuário realizado pelo IBGE, em 2017 havia no Paraná 12.470 estabelecimentos agropecuários com apicultura, representando 12,2% do total nacional de 101.797 estabelecimentos. O Rio Grande do Sul tinha o maior número (37.189; 36,5%), seguido por Santa Catarina (16.824; 16,5%) e Paraná. Dos estabelecimentos paranaenses, 5.306 venderam mel (42,6%; 3.740 toneladas), 569 venderam cera de abelha (4,6%; 41 toneladas) e 362 venderam geleia real, própolis e pólen (2,9%).

Em 2017, havia no Paraná 260.851 caixas (colmeias), que equivalem a 12,1% do total nacional de 2.158.914. O Rio Grande do Sul possuía o maior número (486.858; 22,6%), seguido por Santa Catarina (297.843; 13,8%) e Paraná.

E segundo os dados do IBGE de 2024, os municípios do Paraná que se destacaram na produção nacional de mel, em ordem decrescente, foram: Arapoti (1,12 mil t, 2º lugar nacional), Ortigueira (805 t, 5º lugar nacional), Prudentópolis (415 t; 13º lugar nacional).

Meliponicultura
Não há dados específicos sobre quanto as abelhas sem ferrão representam em quantidade de produção de mel dentro da cadeia do mel. Os cálculos são feitos com a soma de tudo que é produzido pelas espécies de abelhas, o que inclui o mel mais conhecido que vem da abelha Apis (abelha comum). Mas o IDR-Paraná estima que cada enxame de abelha sem ferrão produza de meio quilo a três quilos de mel, dependendo da espécie. A Apis produz, em média, 25 quilos por enxame.

Embora seja uma quantidade considerada bem menor, Marlon Tiago Hladczuk explica que o mel da sem ferrão tem um preço de mercado em torno de R$ 70 a R$ 150 o quilo. Valor calculado do produtor para a indústria. O da abelha comum chega na indústria por cerca de R$ 10. “Isso agrega valor. E, onde se trabalha com um enxame de Apis, pode-se ter pelo menos 40 de sem ferrão, aproveitando mesma florada. Os custos com o manejo também são menores. Então, proporcionalmente, as sem ferrão podem ser mais vantajosas”, conclui Hladczuk.

Legislação
A Lei Estadual 19.152/2017 dispõe sobre a criação, o manejo, o comércio e o transporte de abelhas sociais nativas (meliponíneos). Conforme o texto, ela visa atender às finalidades socioculturais, de pesquisa científica, de educação ambiental, de conservação, de exposição, de manutenção, de criação, de reprodução, de comercialização, de beneficiamento de produtos e subprodutos, e de preservação in situ.